Jornal francês Charlie Hebdo apresenta denúncia após ameaças de morte

Ameaças aconteceram após semanário criticar um professor acadêmico suíço que pesquisa o Islã que é acusado de dois estupros
AFP
Publicado em 06/11/2017 às 19:05
Ameaças aconteceram após semanário criticar um professor acadêmico suíço que pesquisa o Islã que é acusado de dois estupros Foto: Foto: Philippe Huguen / AFP


O semanário francês Charlie Hebdo, alvo de um violento atentado extremista em 2015, denunciou à justiça sofrer ameaças de morte nas redes sociais, após a publicação de um desenho satírico de Tariq Ramadan, um professor acadêmico suíço que pesquisa o Islã.

A procuradoria de Paris abriu uma investigação por "ameaças de morte materializadas por escrito" e "apologia pública de um ato de terrorismo", afirmou uma fonte judicial nesta segunda-feira, horas depois de a denúncia ser apresentada.

A Publicação

Em seu último número, a publicação representa o teólogo suíço, que sofre dois processos por estupro, com uma calça deformada por um enorme pênis ereto que proclama "Sou o 6º pilar do islã".

Junto ao desenho, pode-se ler "ESTUPRO: A defesa de Tariq Ramadan".

Perguntado sobre as mensagens de ódio e as ameaças dirigidas contra a Charlie Hebdo, o cartunista Riss, diretor da publicação, declarou à rádio francesa Europe 1 que elas "nunca pararam".

"Há momentos em que se intensificam nas redes sociais, com ameaças de morte explícitas", disse Riss.

"É difícil saber se são sérias ou não, mas, por princípio, as denunciamos", acrescentou.

A respeito do desenho sobre Tariq Ramadan, - que nega as acusações apresentadas em outubro na França por ter supostamente estuprado uma mulher em 2009 e outra em 2012 -, Riss lembrou que este professor da universidade britânica de Oxford se apresenta como um "islamólogo" e que o sexto pilar do islã é a "jihad".

A Charlie Hebdo foi alvo de um atentado extremista em janeiro de 2015, que deixou 12 mortos, dizimando sua redação. Os agressores pretendiam castigar a revista, abertamente ateia e provocadora, por ter publicado caricaturas de Maomé.

Desde então, a França sofreu uma série de atentados extremistas, que deixaram mais de 200 mortos.

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