Os ministros espanhóis das Relações Exteriores e Defesa alertaram nesta segunda-feira (13), em Bruxelas, para a existência de mensagens de "desinformação e manipulação" sobre a crise política na Catalunha, procedentes de "território russo", que visariam a criar instabilidade na Europa.
"Abordarei a questão da intervenção ou como se desenvolveram as questões de desinformação, de manipulação em torno do referendo e dos acontecimentos posteriores da Catalunha", anunciou o chanceler espanhol, Alfonso Dastis, ao chegar a uma reunião em Bruxelas com os titulares da Defesa e das Relações Exteriores.
Os ministros dos 28 países europeus devem debater especialmente os esforços do bloco para contrabalançar a "desinformação", procedente da Rússia, mas também, em sua opinião, de outras regiões como os países árabes, os Bálcãs e, inclusive, a Venezuela.
A ministra espanhola da Defesa, Maria Dolores de Cospedal, destacou que muitas das ações de desinformação sobre a crise catalã "vinham de território russo", embora tenha reforçado que "não se pode dizer com total certeza que seja o governo russo".
"Vêm, sim, de território russo e algumas outras também, certamente, replicadas de território venezuelano", acrescentou a funcionária espanhola, indicando que estas acusações estão "em fase de análise e de prospectiva" para conhecer que "entidades" estão por trás.
Para De Cospedal, existem certas entidades, tanto públicas quanto privadas, "que tentam ingerir nas políticas nacionais, que tentam afetar e criar situações instáveis na Europa". A luta contra isso também passa, afirmou, por "declará-lo abertamente" para que "a opinião pública" o conheça.
O referendo de independência catalão de 1º de outubro deu lugar a coberturas divergentes na imprensa espanhola. O jornal El País, muito crítico aos separatistas, afirmou que os serviços em espanhol da RT e Sputnik se implicaram no assunto catalão para desestabilizar.
"Em outras áreas, não só em nossa vizinhança oriental (...) criam-se estas situações de desinformação, de manipulação", destacou Dastis, em alusão a que os países do bloco lideram estas preocupações até o momento.
Nos Estados Unidos, um procurador especial investiga desde maio suspeitas de ingerência russa na campanha presidencial de 2016. A Rússia nega ter intervindo para favorecer a eleição de Donald Trump.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, explicou nesta segunda-feira apostar no apoio dos 28 membros da UE para "aumentar o orçamento para a comunicação estratégica", especialmente em unidades que em russo e árabe tentam difundir as "fake news" (notícias falsas).