Confira abaixo alguns dos episódios mais marcantes do primeiro ano de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos:
Da escadaria do Capitólio, Trump pronunciou um discurso de posse, no qual pintou um panorama sombrio dos Estados Unidos, com uma péssima situação econômica e uma criminalidade galopante. Ao mesmo tempo, chamou os políticos de oportunistas que enriquecem às custas das pessoas comuns e prometeu conter essa "carnificina".
No dia seguinte, em conversa com os jornalistas, o então porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, insistiu em que o número de pessoas presentes na posse foi muito maior do que na de Barack Obama, em 2008. Contrariando a evidência das fotos aéreas, garantiu que os jornais estavam distorcendo a informação. Mal completava um dia e a Presidência de Trump já se via mergulhada em uma polêmica por sua maneira de lidar com os fatos.
Em 27 de janeiro, Trump assinou uma ordem executiva, vetando a entrada em território americano de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, por um período de 90 dias, e de todos os refugiados, por 120 dias.
O caos nos aeroportos foi imediato, com vários viajantes detidos no desembarque e em meio ao mal-estar dos agentes de segurança, que não tinham orientação e clareza suficientes sobre como aplicar a nova norma.
Na sequência, vieram protestos em todo país, rejeitando uma medida classificada de discriminatória contra os muçulmanos. Trump alegou que seu objetivo era manter os terroristas longe dos Estados Unidos.
Esse primeiro decreto foi rapidamente bloqueado pela Justiça, assim como uma segunda versão emitida em março. Nela, o Iraque não estava mais na lista de países vetados.
Uma terceira versão, que incluiu os cidadãos norte-coreanos e funcionários do governo da Venezuela, deveria entrar em vigor em meados de outubro, mas também foi barrada na Justiça.
Em 9 de maio, Trump demitiu o então diretor do FBI (a Polícia Federal americana), James Comey, tirando de cena o homem à frente da investigação sobre a suspeita de conluio entre a equipe de campanha do republicano e a Rússia. O objetivo seria atingir a candidatura da democrata Hillary Clinton, rival de Trump na corrida presidencial.
Como justificativa inicial para a demissão, o presidente alegou estar insatisfeito com a maneira como Comey administrou uma investigação sobre o uso de e-mail privado, por parte de Hillary, quando era secretária de Estado. Depois, reconheceu que, na verdade, tinha em mente o caso russo.
A decisão teve um efeito bumerangue. A saída de Comey levou o Departamento de Justiça a designar Robert Mueller como procurador especial para liderar a investigação sobre a ingerência russa na campanha eleitoral. Recorrentemente, Trump se refere a isso como "notícias falsas".
Em consonância com seu principal slogan de campanha, "America First" ("os Estados Unidos primeiro"), Trump anunciou em 1º de junho sua decisão de retirar o país do Acordo de Paris contra mudança climática, argumentando que é injusto e nocivo para a economia e para os trabalhadores americanos. Ignorou amplamente as queixas de grupos ambientais, de líderes mundiais, da indústria e até de sua filha Ivanka.
"Fui eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh, não de Paris", declarou o presidente.
Ao longo da campanha e já na Presidência, Trump prometeu acabar com a reforma no sistema de saúde promovida por seu antecessor, o democrata Barack Obama. Para o republicano, o "Obamacare" - que proporciona cobertura médica a milhões em um país sem um sistema de saúde universal - é "desastroso".
Com o tempo, Trump acabou se dando conta de que uma coisa é fazer promessas de campanha, e outra, bem diferente, é conseguir vê-las aprovadas pelo Congresso - especialmente com seu partido dividido sobre o tema.
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU em setembro, Trump se gabou sobre o poderio militar americano e disse estar pronto para romper o acordo nuclear com o "regime assassino" do Irã. Além disso, prometeu destruir a Coreia do Norte, se seu regime ameaçar os Estados Unidos, ou seus aliados, com seu programa nuclear. Também chamou o líder norte-coreano, Kim Yong-un, de "Homem-foguete" em uma "missão suicida".
A retórica atingiu o ponto do ridículo depois que Kim Jong-un alardeou possuir capacidade para atacar o território americano com seus mísseis e Trump respondeu que possuía "um botão nuclear muito maior e poderoso" do que o do líder norte-coreano.
Em 22 de dezembro, Trump promulgou a reforma tributária aprovada pelo Congresso, sua maior conquista legislativa.
Em cumprimento de uma promessa de campanha, Trump conseguiu uma redução de impostos que beneficia fundamentalmente as grandes corporações e que apresentou como um "presente de Natal" para os americanos.
Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu ser capaz de conseguir um acordo de paz entre israelenses e palestinos. No entanto, em 6 de dezembro, o presidente americano deu passo perigoso ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel, abandonando uma política americana de décadas.
A decisão gerou uma onda de críticas, e a ONU aprovou uma resolução de protesto. Já os palestinos anunciaram que não aceitam mais qualquer plano de paz proposto por Washington.
A publicação do livro "Fire and Fury: Inside the Trump White House", de Michael Wolf, que aborda o primeiro ano de Trump na Casa Branca, caiu como uma bomba ao revelar o caos permanente na sede presidencial.
Segundo o livro, o presidente é um homem desinformado, distraído e de temperamento instável. Isso deu início a um debate sobre a capacidade mental de Trump de permanecer à frente do governo.
Trump recorreu ao Twitter para se definir como "um gênio muito estável e uma pessoa muito inteligente".
A autodefinição de Trump como gênio foi vista por seus adversários como uma confirmação das suspeitas de sua instabilidade emocional para ser presidente.