O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, anunciou nesta segunda-feira (22) no Parlamento israelense que a embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém abrirá antes do final de 2019, apesar da ira dos palestinos e da desaprovação internacional.
Sinal da divisão que continua a semear o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel, uma dúzia de deputados árabes israelenses (de 120 parlamentares) foram expulsos pelos guardas do Knesset no início do discurso de Pence, quando se levantaram para exibir um cartaz proclamando que Jerusalém é a capital da Palestina.
A liderança palestina denunciou o "discurso messiânico" de Pence, provando que "a administração americana faz parte do problema e não da solução". Ao mesmo tempo, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, procurava em Bruxelas reunir apoio europeu.
Aplaudido pelos israelenses, vilipendiado pelos palestinos, Pence chegou no domingo à noite em Jerusalém para uma visita de menos de 48 horas marcada pela decisão anunciada em 6 de dezembro pelo presidente Donald Trump sobre Jerusalém.
Essa ruptura unilateral com décadas de diplomacia americana e consenso internacional provocou a ira de palestinos e manifestações no mundo árabe e muçulmano. Dezoito palestinos e um israelense morreram na violência desde então.
"Jerusalém é a capital de Israel" e o presidente Trump ordenou preparar a deslocalização da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém, disse Pence.
"A embaixada dos Estados Unidos abrirá antes do final do ano que vem" em Jerusalém, afirmou, deliciando os deputados israelenses, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e os membros do governo.
Para os palestinos, a decisão de Trump desacreditou os Estados Unidos como mediador dos esforços de paz.
Os líderes palestinos decidiram ignorar Pence que, excepcionalmente, não vai encontrar nenhum deles durante esta etapa final de sua primeira turnê pela região, que o levou ao Egito e à Jordânia.
Pence é um fervoroso evangelista e sua influência parece ter sido preponderante sobre a decisão de Trump, amplamente interpretada como uma concessão a este importante eleitorado para o presidente.
"Nós instamos fortemente a liderança palestina a retornar à mesa de negociações", disse Pence em seu discurso cheio de referências bíblicas e exaltando a criação do Estado de Israel.
"A paz só pode ser alcançada através do diálogo", ressaltou.
No mesmo momento, em Bruxelas, o presidente palestino, em busca de apoio, pedia aos 28 Estados-membros da União Europeia o reconhecimento da Palestina como um Estado independente.
O status de Jerusalém é uma das questões mais difíceis do conflito israelo-palestino. Israel, que conquistou Jerusalém Oriental à força em 1967, anexou-a e proclamou a cidade inteira como sua capital indivisível.
Aos olhos da ONU, esta anexação é ilegal. Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como a capital do Estado a que aspiram.
Trump expressou no passado seu desejo de presidir o acordo diplomático "definitivo", sobre o qual gerações de presidentes e diplomatas fracassaram. Pence reafirmou o compromisso do presidente neste sentido, inclusive se isso passar pela criação de um Estado palestino, desde que ambas as partes concordem.
O discurso de Pence foi uma declaração de apoio inabalável a Israel, que enfrenta múltiplas ameaças na região.
Ele voltou a atacar o Irã, grande inimigo de Israel, e o acordo alcançado em 2015 sob a administração de Barack Obama entre as principais potências e a República Islâmica sobre as atividades nucleares de Teerã.
Este acordo é um "desastre" e os Estados Unidos se desvincularão "imediatamente" se não for alterado, ressaltou.
Os Estados Unidos "nunca permitirão que o Irã adquira uma arma nuclear", garantiu.
O primeiro-ministro israelense, por sua vez, fez uma série de declarações de gratidão à administração Trump.
"Falo em nome de quase todos, coalizão e a oposição juntos, quando digo a profunda gratidão do povo de Israel ao presidente Trump e você por uma decisão histórica que nunca esqueceremos", afirmou.