Mais de 30 personas morreram e dezenas ficaram feridas em um duplo atentado com carro-bomba frente a uma mesquita de Benghazi, a segunda cidade líbia, o que demonstra a persistente instabilidade da região controlada pelas forças do marechal Khalifa Haftar.
O ataque, que não foi reivindicado, ocorreu após a oração da tarde de terça-feira no centro desta cidade do leste do país, minada pela insegurança e rivalidades políticas desde a queda do regime de Muammar Khaddafi em 2011, após uma revolta popular apoiada pela Otan.
Benghazi vivia uma relativa calma desde que o marechal Khalifa Haftar anunciou a "libertação" da cidade dos jihadistas em julho de 2017.
Os atacantes explodiram dois carros em um espaço de 30 minutos em frente a uma mesquita no bairro de Al-Sleimani, de acordo com autoridades da segurança.
Alguns socorristas e policiais que foram ao local do incidente morreram na segunda explosão.
Ninguém reclamou a autoria do ataque, mas a mesquita é considerada uma base para grupos salafistas que combatem os extremistas ao lado das forças de Haftar.
Várias pessoas se reuniram em frente à mesquita nesta quarta-feira.
O hospital de Al-Khala recebeu 25 vítimas fatais e 51 feridos, segundo indicou sua porta-voz Fadia al-Bargati, enquanto o Centro Médico de Benghazi recebeu nove mortos e 36 feridos, informou seu porta-voz Khalil Gider.
Autoridades da saúde declararam que muitos dos feridos estão em estado grave e que por isso o número de mortos pode aumentar.
Haftar, que apoia o governo estabelecido no leste do país, decretou três dias de luto após o ataque.
O Governo de Unidade Nacional (GNA), apoiado pela ONU e com sede na capital Trípoli, conseguiu impor sua autoridades apenas no oeste do país.
O GNA considerou o ataque um "ato terrorista e covarde".
A missão de apoio da ONU na Líbia, a UNSMIL, lamentou os atentados "horríveis" e advertiu que os "ataques diretos e indiscriminados contra civis [...] constituem crimes de guerra".
Os esforços da ONU para reconciliar os dois governos antagônicos não renderam resultados até o momento.
No final de dezembro, Haftar disse que apoiaria eleições em 2018 para retirar o país do caos, mas sugeriu que poderia agir se os esforços destinados a "uma transição pacífica de poder através de eleições livres e democráticas fossem esgotados".
Os oponentes de Haftar acusam-no de tentar tomar o poder e estabelecer uma ditadura militar, enquanto seus partidários pedem que governe por "mandato popular".
O enviado da ONU, Ghassan Salame, apresentou em setembro ao Conselho de Segurança um plano para eleições presidenciais e parlamentares este ano, mas os analistas estão céticos sobre a probabilidade de serem realizadas.
O persistente conflito no país tem prejudicado os esforços para restaurar a economia desse produtor de petróleo do norte da África e se tornou terreno fértil para extremistas e traficantes de seres humanos.
O grupo Estado Islâmico mantém uma presença significativa e controlou a cidade de Sirte desde o final de 2014 até o final de 2016, quando foi expulso pelas forças favoráveis ??ao GNA.