Kim Jong Un, o príncipe herdeiro se lança no cenário diplomático

Em uma visita cercada de segredo, Kim Jong Un escolheu Pequim para sua primeira viagem ao exterior como líder norte-coreano
AFP
Publicado em 28/03/2018 às 4:32
Em uma visita cercada de segredo, Kim Jong Un escolheu Pequim para sua primeira viagem ao exterior como líder norte-coreano Foto: Foto: KCNA VIA KNS / AFP


Seis anos após herdar o poder de seu pai, Kim Jong Un concretizou sua autoridade absoluta na Coreia do Norte e levou o país a sucessos nucleares inéditos, e agora trata de se projetar no cenário internacional. 

Em uma visita cercada de segredo, Kim Jong Un escolheu Pequim para sua primeira viagem ao exterior como líder norte-coreano, e qualificou a visita como um "dever solene" para com a China.

Terceiro da dinastia familiar iniciada por seu avô, Kim Il Sung, e mantida por seu pai, Kim Jong Il", o jovem presidente norte-coreano transformou seu país em potência nuclear dotada de mísseis balísticos capazes de atingir os Estados Unidos. 

Na área diplomática, Kim Jong Un retirou a Coreia do Norte do ostracismo internacional quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu se reunir com ele para discutir a eliminação das armas nucleares da península coreana. 

Ao assumir o poder, Kim Jong Un era considerado vulnerável

Ao assumir o poder, em 2011, era considerado vulnerável e passível de ser manipulado por membros graduados do regime, mas Kim foi eficiente em calar as vozes dissonantes, com uma política agressiva e provocadora diante da comunidade internacional.

Concentrou em suas mãos o poder absoluto sobre o partido único e as Forças Armadas, destruindo os potenciais adversários internos.

Sua vítima mais notável foi seu influente tio Jang Song Thaek, executado em 2013 por traição, dando início a uma série de expurgos. 

Assassinato do meio-irmão de Kim Jong Un

No ano passado, seu meio-irmão Kim Jong Nam foi assassinado no aeroporto de Kuala Lumpur, em uma cena digna da Guerra Fria, e as suspeitas recaíram sobre Pyongyang.

Norte-coreanos em campos de concentração

Apesar da repressão que segundo organismos de direitos humanos mantém entre 80 mil e 120 mil norte-coreanos em campos de concentração, Kim se esforça para parecer amável, ao menos na propaganda oficial, na qual sorri e brinca com militares, funcionários e cidadãos comuns. 

Seu cabelo, roupa e modo de falar parecem querer recordar o fundador da Coreia do Norte, seu avô Kim Il Sung, um personagem venerado. 

A data de nascimento precisa de Kim Jong Un jamais foi revelada, mas ele é do início dos anos 80, filho de uma dançarina coreana nascida no Japão e terceira mulher de seu pai, falecida de câncer de mama em 2004. 

Seu casamento com Ri Sol-Ju foi revelado apenas em julho de 2012, com a aparição de algumas fotos da jovem. Segundo a imprensa sul-coreana, o casal teve seu terceiro filho no início de 2017. 

Estudou na Suíça, sob os cuidados de sua tia materna Ko Yong-Suk e o marido, e é lembrado pelo pessoal da escola como um menino tímido que gostava de esquiar e ver os filmes de ação de Jean-Claude Van Damme. 

Surgiu publicamente na hierarquia norte-coreana em 2008, após o AVC sofrido por seu pai, quando o regime decidiu acelerar os preparativos para a sucessão. 

Segundo as palavras do próprio Kim, a visita à China - sua primeira viagem oficial ao exterior como líder da Coreia do Norte - "foi meu dever solene, sendo alguém que deve cuidar e manter as relações RPDC-RPC através das gerações".

A reunião em Pequim precede a realização de cúpulas com Seul e Washington.

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