O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deveria ser denunciado pelo escândalo de corrupção da empreiteira brasileira Odebrecht porque existem provas "suficientes" de que teria cobrado subornos, disse nesta quinta-feira (26) o juiz venezuelano Rafael Rommel Gil, em exílio no Panamá.
"Há méritos para acusar o senhor Nicolás Maduro por obras na Venezuela que não foram concluídas, e outras tantas que nunca foram feitas", afirmou Gil, relator do caso contra o presidente venezuelano.
Gil é um dos juízes do Tribunal Superior de Justiça nomeados no ano passado pela Assembleia Nacional, de maioria opositora, e cujas decisões não são reconhecidas pelo governo de Maduro.
Os juízes desta Corte paralela estão exilados na Colômbia, no Panamá, no Chile e nos Estados Unidos, de onde fazem sessões virtuais.
Este tribunal exilado acusou Maduro, neste mês, por ter recebido dinheiro da Odebrecht, empresa envolvida no pagamento de propinas milionárias em diversos países da América Latina em troca de contratos.
Segundo Gil, a ex-procuradora-geral Luisa Ortega, que também deixou o país em 2017, após ser destituída pela oficialista Assembleia Constituinte, apresentou provas "com elementos suficientes" para levar Maduro a julgamento.
Ele acrescentou que há declarações à Justiça brasileira de um alto executivo da Odebrecht, segundo as quais "o senhor Maduro lhe pediu 50 milhões de dólares e ele lhe entregou apenas 35", depois de concordarem que "quando ele (Maduro) chegasse à Presidência da República, esta empresa seria beneficiada".
Também há outra investigação que mostra pagamentos milionários feitos "pela República para obras que não foram concluídas e outras tantas sequer iniciadas", garantiu Gil.
As declarações do juiz foram feitas durante a inauguração formal no Panamá de um escritório do Tribunal Superior de Justiça no exílio. Há quatro magistrados venezuelanos exilados no país centro-americano desde 2017.
Gil disse que eles estão esperando por novas provas da ex-procuradora para continuar com um processo, cuja audiência eles pretendem realizar em Caracas. Além disso, ele pediu a Maduro que "se defendesse" porque "poderíamos estar diante do maior ato de corrupção na Venezuela".