Presidentes das Coreias se abraçam e prometem acordo de paz

A promessa de um acordo de paz veio após a primeira reunião de cúpula intercoreana em mais de 11 anos
AFP
Publicado em 27/04/2018 às 6:55
Foto: Foto: KOREA SUMMIT PRESS POOL / AFP


O líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, deram um abraço nesta sexta-feira (27) após a assinatura de um comunicado no qual afirmam "que não haverá mais guerra na península coreana".

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Esta foi a primeira reunião de cúpula intercoreana em mais de 11 anos. O encontro histórico, que aconteceu na Zona desmilitarizada entre os dois países, em Panmujon, nesta sexta-feira (27).

Os dois países organizarão uma reunião entre famílias divididas, e , ainda este ano, o presidente sul-coreano viajará para Pyongyang. Kim Jong Un prometeu não repetir "história infeliz".

A reunião

O dirigente norte-coreano Kim Jong Un e o presidente sul-coreano Moon Jae-in conversaram nesta sexta-feira sobre "desnuclearização e paz permanente", de acordo com Seul, em uma reunião de cúpula histórica após um aperto de mãos simbólico na linha de demarcação militar que divide a península.

Kim disse que estava tomado pela emoção ao atravessar a linha e tornar-se o primeiro governante norte-coreano a pisar em território sul-coreano desde a guerra da Coreia (1950-53).

Por convite de Kim, os dois caminharam de mãos dadas pelo lado norte-coreano da fronteira e depois seguiram a pé até a Casa da Paz, em Panmunjom, onde foi assinado o armistício de 1953. 

"Vim aqui determinado a enviar um sinal de partida ao atravessar a marca do início de uma nova história", disse Kim, que comanda um país acusado de violação dos direitos humanos.

O tema do arsenal nuclear da Coreia do Norte estava na agenda.

"Os dois dirigentes tiveram um diálogo sincero e franco sobre a desnuclearização eo estabelecimento de uma paz permanente na península coreana e o desenvolvimento das relações intercoreanas", afirmou o porta-voz da presidência sul-coreana, Yoon Young-chan.

Moon espera concluir "um acordo audaz para dar um grande presente ao povo coreano em seu conjunto e às pessoas que desejam a paz".

Kim estava acompanhado por sua irmã e conselheira, Kim Yo Jong, e com o responsável norte-coreano pelas relações com o Sul, enquanto Moon foi assistido pelo diretor de Inteligência sul-coreana e por seu chefe de gabinete.   

O encontro ilustra a espetacular distensão na península desde que Kim surpreendeu o mundo ao anunciar, em janeiro, que seu país participaria nos Jogos Olímpicos de Inverno, organizados em fevereiro pelo Sul.

E precede um encontro com o presidente americano, Donald Trump. 

"Kim Jong Un discutirá com franqueza (...) todos os problemas que surjam para melhorar as relações intercoreanas e alcançar a paz, a prosperidade e a reunificação", afirmou a agência estatal KCNA antes da viagem.

A Coreia do Norte registrou um rápido avanço dos programas nuclear e balístico sob o comando de Kim, que herdou o poder após a morte de seu pai em 2011. 

"Difícil"
 

Em 2017, Pyongyang realizou o teste nuclear mais potente de sua história e lançou mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) com capacidade de atingir o território continental dos Estados Unidos.

A tensão atingiu um nível extremo. Kim e Trump trocaram ameaças e insultos pessoais.

Moon aproveitou os Jogos de Inverno para iniciar um diálogo com Pyongyang, explicando que a reunião de cúpula intercoreana serviria de base para o encontro entre o Norte e Washington.

A Casa Branca emitiu um comunicado no qual destaca sua "esperança de que as negociações levem a um avanço em direção a um futuro de paz e prosperidade para toda a Península Coreana".

O presidente Trump exigiu que o Norte renuncie às armas nucleares. Washington quer uma desnuclearização total, verificável e irreversível.

Mas o chefe de gabinete da presidência sul-coreana, Im Jong-seok, advertiu na quinta-feira que nada foi conquistado de antemão.

Os avanços tecnológicos dos programas balístico e nuclear do Norte significam que qualquer acordo será "fundamentalmente diferente por natureza dos acordos de desnuclearização concluídos nos anos 1990 e no início dos anos 2000", disse. 

"É o que torna esta reunião de cúpula especialmente difícil". 

Pyongyang pede garantias, que não foram especificadas, para abrir mão de seu arsenal. 

O governo da China, aliado histórico de Pyongyang, elogiou o encontro entre as Coreias e chamou o aperto de mãos entre Kim e Moon de "momento histórico".

"Aplaudimos o histórico passo dos líderes coreanos e apreciamos sua coragem e decisões políticas", disse Hua Chunying, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

A árvore da paz

No passado, para a Coreia do Norte os termos desnuclearização da península eram entendidos como a saída das tropas americanas presentes no Sul e o fim do guarda-chuvas nuclear que Washington presta a seu aliado, algo impensável para os Estados Unidos.

"Agora os grandes temas são a paz e a desnuclearização",  disse à AFP o professor John Delury, da Universidade de Yonsei. 

O tema das famílias separadas pela fronteira também poderias ser abordado. 

Após uma hora e 40 minutos de conversa, Kim e sua delegação cruzaram a fronteira para almoçar no Norte.

Antes do encontro da tarde, Kim e Moon devem plantar uma árvore na fronteira, que "representará a paz e a prosperidade na Linha de Demarcação Militar, que é um símbolo da confrontação e da divisão há 65 anos", informou Seul.  

De acordo com a Coreia do Sul, as esposas dos dois governantes participarão no banquete organizado ao final do encontro de cúpula.

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