O ex-presidente do Peru Alan García morreu, nesta quarta-feira (17), em consequência de um tiro que disparou contra a própria cabeça. Ele tentou suicídio após a Justiça decretar a sua prisão preventiva, na manhã desta quarta, por suposto envolvimento em casos de corrupção com a empresa brasileira Odebrecht.
"Alan García morreu, viva o Apra", afirmou Omar Quesada, secretário-geral do partido de Garcia.
De acordo com informações médicas, García, 69 anos, teve três paradas cardíacas e foi reanimado três vezes. Ele deu entrada no Hospital Casimiro Ulloa, às 6h45, com perfurações de entrada e saída de bala na cabeça, e chegou a ser operado pela manhã, mas não resistiu.
Antes da emissão do mandado de prisão, García havia declarado na terça-feira que não ficaria isolado ou escondido, em alusão tácita ao asilo frustrado que pedira ao Uruguai em dezembro. Na ocasião, a Justiça determinou que ele estaria impedido de sair do país por 18 meses.
A ordem de prisão contra García emitida nesta quinta-feira é de 10 dias e buscava, segundo o Ministério Público, coletar novos elementos na investigação diante de um eventual risco de fuga.
O ex-presidente permaneceu durante 16 dias na embaixada uruguaia, onde pediu asilo "ante a iminência de um mandado de prisão". O pedido foi rejeitado pelo governo do Uruguai depois de analisar a documentação apresentada por Lima e pelo requerente.
Nas últimas semanas, García havia reiterado que "não há declaração, prova ou depósito que me ligue a qualquer ato criminoso, muito menos à empresa Odebrecht ou à realização de qualquer de suas obras". Ele também está sob a lupa por supostas propinas pagas pela Odebrecht para obter um contrato de construção para o metrô de Lima durante seu segundo mandato.
No ano passado, afirmou ser "perseguido politicamente", mas sua versão foi rejeitada pela Justiça e pelo governo peruano.
Segundo a promotoria, o então presidente García e 21 outras autoridades conspiraram para ajudar a empresa holandesa Terminal Multibancom, que venceu a licitação em 2011 para a concessão do Terminal Norte do porto de Callao, vizinho a Lima.
Ainda no escândalo da Odebrecht no Peru, os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) também estão sendo investigados, e este último se encontra sob prisão preventiva até o dia 20 de abril, bem como a líder da oposição Keiko Fujimori, igualmente em prisão preventiva.