O papa Francisco nomeou na quarta-feira, 15, a italiana Francesca Di Giovanni como nova subsecretária da Seção para as Relações com os Estados, o que representa o maior cargo já ocupado por uma mulher na Secretaria de Estado do Vaticano.
Ela coordenará o setor multilateral, especialmente nas áreas de migrantes e refugiados, direito internacional humanitário, comunicações, direito internacional privado, estatuto da mulher, propriedade intelectual e turismo, conforme informou a Santa Sé. "Continuarei a lidar com o que tenho acompanhado até agora na Seção de Relações com os Estados, embora nesta nova função eu seja responsável por coordenar o trabalho nesta área."
Francesca Di Giovanni coordenará as relações da Santa Sé em organizações intergovernamentais como as Nações Unidas (ONU) no cargo que foi criado recentemente.
Com a nomeação dela, a Seção de Relações com os Estados passa a ter dois subsecretários: Francesca Di Giovanni trabalhará ao lado de Monsenhor Miroslaw Wachowski, que continuará responsável principalmente pela área da diplomacia com outros países.
"Esta é a primeira vez que uma mulher tem um papel de liderança na Secretaria de Estado. O Santo Padre tomou uma decisão inovadora, certamente, que, para além da minha pessoa, representa um sinal de atenção às mulheres. Mas a responsabilidade está ligada ao trabalho, e não ao fato de ser mulher", disse ela.
Ela destacou a importância da criação de um subsecretário para o setor multilateral "porque ele possui procedimentos próprios, de certa forma diferentes dos da esfera bilateral."
"Na comunidade internacional, a Santa Sé também tem a missão de garantir que a interdependência entre pessoas e nações seja desenvolvida em uma dimensão moral e ética, bem como em outras dimensões e vários aspectos que as relações estão adquirindo no mundo de hoje."
Para ela, nunca se deve cansar de incentivar o diálogo em todos os níveis, sempre buscando soluções diplomáticas.
"Em um discurso recente ao Corpo Diplomático, o papa lembrou, entre outras coisas, os muitos resultados positivos das Nações Unidas, que comemoram seu 75º aniversário este ano. Queremos continuar vendo a ONU como um meio necessário para alcançar o bem comum, mesmo que isso não nos exija de pedir mudanças ou reformas quando julgar necessário".
Formada em direito, a italiana, que trabalha na Secretaria de Estado há quase 27 anos, nasceu em Palermo, em 1953.
Após concluir o estágio como notário, trabalhou na área jurídico-administrativa do Centro Internacional da Obra de Maria
Em 15 de setembro de 1993, começou a trabalhar como funcionária na Seção de Relações com os Estados da Secretaria de Estado.
"As mulheres são por vezes vistas, pelos homens e também por outras mulheres como pessoas de menor valor intelectual e profissional, sempre disponíveis para o serviço, sempre dóceis aos superiores. É, portanto, urgente promover a autoestima e melhorar a presença feminina também no Vaticano", escreveram Romilda Ferrauto e Adriana Masotti, juntamente com outras nove mulheres da Associação de Mulheres do Vaticano.
Segundo elas, é preciso "desenvolver o conceito de reciprocidade para superar a subordinação, promover a corresponsabilidade e caminhar juntos".
A última edição do suplemento mensal Donna, Chiesa, Mondo (em português, Mulher, Igreja, Mundo) do jornal Vaticano Osservatore Romano, foi noticiado que cerca de 950 mulheres trabalham no Vaticano, mas que embora tenham o mesmo salário que os homens, poucas ocupam cargos de responsabilidade e de alto nível de gestão. (Portal Vaticano com agências internacionais)