A Executiva Nacional do PT interditou completamente debates internos sobre algum plano "B" para as eleições neste primeiro mês da prisão do ex-presidente Lula, detido desde o dia 7 de abril na carceragem da Polícia Federal de Curitiba. Sob o comando da presidente nacional da sigla e senadora Gleisi Hoffman, comanda uma patrulha que se opõe fortemente a qualquer possibilidade de alçar outro candidato caso Lula não esteja apto para disputar a Presidência da República.
"O pessoal não dá nem chance de você falar qualquer coisa. É como uma patrulha", contou um petista, apoia uma aliança do PT com pré-candidato pelo PDT, Ciro Gomes.
Os nomes apontados como "plano B" do PT, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, também são alvos dessa patrulha.
Ao chegar ao ato de 1º de Maio organizado pelas seis centrais sindicais na tarde desta terça-feira, em Curitiba, Wagner admitiu que o partido pode aceitar ser vice de Ciro Gomes (PDT) e defendeu a inclusão de Joaquim Barbosa (PSB) no diálogo com os demais partidos de esquerda. Em resposta as declarações de Wagner, a senadora Gleisi Hoffmann afirmou que uma conversa com Ciro Gomes não aconteceria "nem com reza brava". Fernando Haddad, por sua vez, tem incomodado petistas por conta das suas movimentações. Nos últimos meses, ele chegou a se encontrar duas vezes com Ciro.
"O Lula faz muita falta. Sempre que alguém seguia por um caminho mais radical ele chamava para conversar. Nós já temos problemas demais atualmente para ficar arrumando briga com o Ciro. E as lideranças do partido têm o direto de se expressar. Não pode disparar o relho desse jeito", disse um petista em reserva.
O PT vai realizar uma convenção no dia 28 de julho para oficializar a candidatura de Lula. A estratégia ainda é registrar a candidatura do ex-presidente no dia 15 de agosto, mesmo com a condenação do petista em segunda instância - condição que impede a eleição de políticos pela Lei da Ficha Limpa.
A Lei da Ficha Limpa determina que todos os condenados por tribunais colegiados ficam inelegíveis por oito anos. Em janeiro deste ano, Lula foi condenado pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e teve sua pena aumentada para 12 anos e um mês de reclusão. Ainda assim, ele não está impedido de registrar a candidatura. Após isso, o Ministério Público Federal poderá apresentar a sua impugnação e caberá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgar a cassação do registro.
Gleisi se utiliza de um dos artigos da Lei da Ficha Limpa que diz que, na chance de um recurso que venha a ser impetrado pela defesa ser aceito, essa inelegibilidade pode ser suspensa e a candidatura seguir sub-júdice. "O Lula é ficha limpa, não é ficha suja não", diz a presidente do PT.