Após José Dirceu afirmar que, em caso de golpe de Estado, o PT iria "tomar o poder, o que é diferente de ganhar uma eleição", Fernando Haddad, candidato da sigla à presidência, foi categórico ao pontuar que o ex-ministro da Casa Civil de Lula não teria voz em um eventual governo petista. "Ele não nenhum papel no meu governo, que isso fique bem claro", disse em entrevista ao Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta quarta-feira (3).
A declaração de Dirceu, feita na última semana ao El País, repercutiu negativamente para o partido. Na terça (2), no entanto, chegou a admitir que a fala foi "infeliz", mas defendeu-se afirmando que foi tirada de contexto.
Ouça a íntegra da entrevista de Fernando Haddad:
Haddad não escondeu sua admiração por Lula, a quem se referiu como "o maior estadista da história desse país", assim como não negou que, caso seja eleito, manterá o diálogo com o ex-presidente. "O presidente vai ser Fernando Haddad, mas jamais vou negar conversar com Lula. Espero que ele já tenha sido absorvido na minha posse e que reparem o erro gravíssimo que cometeram contra ele", disse o candidato petista, referindo-se a condenação de 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Quanto a ex-presidente Dilma Rousseff, o presidenciável foi mais evasivo sobre que papel teria no seu governo. Ela, que sofreu um impeachment no seu segundo mandato, em 2016, agora concorre ao cargo de senadora por Minas Gerais e lidera as pesquisas no estado. "Você tem 81 senadores, todos vão ser ouvidos pelo presidente independente do partido. Mas ela, sendo do meu partido, evidentemente vai ser ouvida. Não se pode governar ameaçando fechar congresso", pontuou.