Luciano Bivar, o homem que deu 'guarida' a Jair Bolsonaro

Fundador do PSL, Bivar viu o partido crescer com a chegada de Bolsonaro
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 09/10/2018 às 7:01
Fundador do PSL, Bivar viu o partido crescer com a chegada de Bolsonaro Foto: Foto: Diego Nigro/JC Imagem


"Em 2006 você ser liberal era uma coisa negativa. Foi um fiasco. Hoje, o Jair (Bolsonaro) defende a mesma coisa que eu defendi. Só não tive o talento, nem a eloquência que ele tem”. A opinião é do deputado federal eleito por Pernambuco Luciano Bivar, um dos fundadores e presidente de honra do Partido Social Liberal (PSL), sigla criada em 1998 e que abraçou a candidatura de Bolsonaro para Presidência. Há 12 anos, o político pernambucano disputou o Planalto, mas ficou em último lugar, com 63.294 votos válidos (0,066%).

Agora, Bivar, prestes a completar 74 anos, está entusiasmado com o efeito Bolsonaro. A chegada do deputado federal ao partido, em março deste ano, alavancou o PSL de nanico à segunda maior bancada na Câmara. A sigla ocupará 52 das 513 cadeiras da Casa, a partir de 2019. Uma delas será do próprio Bivar, eleito com 117.943 votos.

Os liberais estão atrás apenas do PT, que conta com 56 cadeiras. Mas, segundo Bivar, o título de maior bancada da Casa é questão de tempo. “Com certeza será o partido com maior bancada em 2019. Alguns colegas já nos procuraram e, no próximo ano, teremos novos filiados (...) Tudo isso deve-se a Jair Bolsonaro. Foi o grande propulsor do que propõe o PSL”, disse.

As eleições de domingo também projetaram o PSL a outro patamar: partido campeão nacional de votos para a Câmara dos Deputados. Foram cinco deputados federais mais votados em seus respectivos Estados, sendo Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável, o que mais recebeu votos no partido, 1,8 milhão por São Paulo. Os outros foram Delegado Waldir (GO), Marcelo Alvaro Antonio (MG), Nelson Barbudo (MT) e Helio Negão (RJ).

Empresário do ramo de seguradoras de veículos e ex-presidente do Sport, Luciano Bivar foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1998. Retornou em julho de 2017, após Kaio Maniçoba (MDB) ser nomeado para a secretaria de Habitação de Pernambuco pelo governador Paulo Câmara (PSB). Bivar era suplente de Maniçoba. Em abril deste ano, com o retorno do emedebista à Câmara, ele deixou o cargo.

De atuação discreta, durante suas duas passagens na Câmara, o empresário não conseguiu emplacar projeto de lei.
O próximo passo de Bivar é voltar à Presidência do PSL, cargo do qual se licenciou durante a candidatura de Bolsonaro. O comando da sigla ficou, interinamente, nas mãos do advogado Gustavo Bebianno, um dos principais articuladores da candidatura do capitão da reserva.

Mesmo com o panorama positivo, Bivar usa um tom mais modesto e defende que até dia 28 – dia do segundo turno – todos os esforços serão pela eleição de Bolsonaro. Ele não nega, no entanto, que em 2019 possa buscar também a Presidência da Câmara dos Deputados. “O costume é de que o partido de maior bancada indique o presidente da Casa. Isso é uma tradição”, projetou.

Questionado se a articulação para a entrada de Jair Bolsonaro no PSL foi uma estratégia para turbinar a legenda ou um casamento de ideias, Bivar disse que tudo aconteceu de forma natural: “Foi uma coisa espontânea. O Francischini (delegado licenciado e coordenador de campanha de Bolsonaro) nos procurou e, após algumas reuniões, vimos que era tudo convergente. Não houve essa coisa de toma lá dá cá. O Jair não tem qualquer comprometimento com o PSL chegando à Presidência”.

O fator Bolsonaro ainda atraiu, somente no primeiro semestre deste ano, mais de 13,6 mil novos filiados ao partido. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a legenda tem 241.439 membros. Questionado se, enquanto fundador do partido, não temia que o capitão da reserva ganhasse a mesma proporção que o ex-presidente Lula tem para o PT, Bivar avaliou que os eleitores das duas legendas pensam de forma diferente.

Os atos pró-Bolsonaro são característicos por camisas da Confederação Brasileira de Futebol, bandeiras do Brasil e muitas referências a militares. “Se você for para uma passeata do PSL, não tem fundamentalista. As pessoas querem um bem comum, contra a corrupção, pela família. Não é uma pessoa. É uma ideia. Hoje, o Bolsonaro é uma pessoa que encerra o pensamento de todos nós. Se um dia ele for preso, ninguém vai fazer o que fazem por Lula, porque cadeia é lugar de bandido. O público é diferente, não existe esta comparação”.

Jair Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em duas ações por apologia ao estupro. “É um misto de tudo. O Bolsonaro, não tenha dúvida, é um grande arauto de tudo que está acontecendo aí. O povo estava querendo alguém com retidão, com ordem. Estamos todos preocupados com os caminhos da sociedade brasileira”, finalizou.

TAGS
eleições 2018 Luciano Bivar Jair Bolsonaro PSL
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory