O maior escândalo político de Caruaru provocou não só indignação na população local. O envolvimento de dez vereadores na cobrança de propina para aprovação de projetos do Executivo acarretou também no silêncio das maiores lideranças políticas da cidade. Desde que o esquema foi descoberto e revelado pela Polícia Civil, no dia 18 de dezembro, os políticos da região têm evitado falar sobre o assunto.
O prefeito José Queiroz (PDT) soltou uma nota no dia seguinte à prisão dos vereadores. Na mesma semana, ele deu entrevista à Rádio Jornal de Caruaru, onde fez um balanço da sua gestão durante 2013. Na ocasião, Queiroz chegou a falar sobre o tema, afirmando que não teve contato com os envolvidos de cobrar propina. Ele também negou especulações de que teria sido ameaçado. Desde então, o chefe do Executivo municipal tem evitado comentar o envolvimento dos vereadores.
Procurado pelo JC para falar sobre o caso, o prefeito José Queiroz, por meio de nota, disse que “só irá se pronunciar em relação à Operação Ponto Final após a conclusão do processo judicial”.
Uma das maiores figuras de Caruaru, o vice-governador João Lyra Neto (PSB) também adotou o silêncio. O socialista afirmou que decidiu silenciar sobre o escândalo porque ainda há detalhes que precisam ser esclarecidos. Quando o caso veio à tona, ainda em dezembro, Lyra concedeu entrevista a uma rádio local.
Na ocasião, ele lamentou o envolvimento de parlamentares na tentativa de extorsão e falou da gravidade do caso, que envolve mais de um terço dos parlamentares da Câmara. “Faço parte dessa atividade pública e essa atividade no Brasil ela é muito questionada. O que precisa no Brasil é uma restauração do compromisso da atividade pública com o interesse público. Não se pode confundir os interesses pessoais com o interesse público”, comentou em um programa de rádio local.
Principal oposicionista ao prefeito José Queiroz, o deputado estadual Tony Gel (PMDB) preferiu não conversar com a reportagem sobre o caso dos vereadores presos em Caruaru. Coincidentemente, na última quinta-feira (16), o JC publicou uma matéria mostrando que o peemedebista teria tido contato com um dos envolvidos – o vereador Neto (PMN) - no dia das prisão.
A assessoria do deputado disse que ele não iria conversar com imprensa e divulgou uma nota no mesmo dia. No texto, o oposicionista diz que em seu histórico não há nenhum envolvimento em irregularidades e que seu contato com o vereador se deu apenas no aspecto profissional, já que ele é advogado.