Líder petista nega ter recebido dinheiro da Petrobras para campanha de 2010

Humberto Costa admite que conheceu Paulo Roberto e esteve com ele em diversas situações, tanto em Pernambuco quanto em Brasília, para tratar da construção da Refinaria de Abreu e Lima
Da ABr
Publicado em 24/11/2014 às 20:31
Humberto Costa admite que conheceu Paulo Roberto e esteve com ele em diversas situações, tanto em Pernambuco quanto em Brasília, para tratar da construção da Refinaria de Abreu e Lima Foto: Foto: ABr


O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), negou nesta segunda-feira (24) que tenha recebido dinheiro proveniente do pagamento de propina sobre contratos da Petrobras, no esquema desmontado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Ele respondeu a matéria veiculada nesse domingo (23) pelo jornal O Estado de S.Paulo, acusando-o de haver recebido R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado, em 2010.

“Eu entreguei já, ao presidente da CPI do Senado, da CPI mista, ao procurador-geral da República e ao ministro do Supremo [Tribunal Federal], responsável por esse processo, não só a minha disposição para quaisquer esclarecimentos, como os meus sigilos fiscal, bancário e telefônico. Eu não tenho nada a temer. Durante minha vida pública sempre atuei de maneira idônea”, declarou o líder petista.

Segundo a reportagem, o repasse do dinheiro foi feito por meio de um empresário pernambucano, amigo de Costa, com dinheiro saído da cota do Partido Progressista no esquema de corrupção instalado na Petrobras. A matéria é baseada em depoimento do ex-diretor de Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, que assinou acordo de delação premiada com a Justiça.

Humberto Costa admite que conheceu Paulo Roberto e esteve com ele em diversas situações, tanto em Pernambuco quanto em Brasília, para tratar da construção da Refinaria de Abreu e Lima, em seu estado. Segundo o senador, eles faziam parte “do mesmo governo”, e por isso tinham contato. Costa também admite a relação de amizade com o empresário citado, mas nega que ele tenha recebido dinheiro, em seu nome, para a campanha, e não acredita que o amigo tenha feito isso sem autorização.

“Minha relação com ele vem de muito tempo, é uma relação de amizade. E estivemos juntos no processo de luta pela refinaria, como alíás, vários políticos, empresários e diversos setores da sociedade pernambucana. Ele mantinha também, com esse cidadão, uma relação institucional, e jamais ele me pediu ou eu dei a ele autorização para solicitar recursos para a minha campanha, em 2010”, declarou.

O líder do PT também disse não acreditar que o dinheiro tenha sido solicitado por seu partido, sem o seu conhecimento, e negou que sua campanha tenha recebido qualquer recurso irregular. “O PT, todas as vezes que apoia qualquer um de seus candidatos, o faz pela via legal, não o faz por qualquer via que não seja legalizada”, afirmou Costa.

Por fim, o senador questionou a veracidade das informações divulgadas, disse não saber se o depoimento divulgado pelo jornal tenha sequer existido, ou se Paulo Roberto possa ter mentido sobre o repasse de propina para sua campanha. Ele criticou o vazamento de informações que deveriam ser sigilosas sobre o processo, e disse que “esse sigilo que está sendo colocado aí só vale para alguns. As próprias pessoas que estão sendo acusadas, vilipendiadas, não têm acesso a essa delação premiada para que possam se manifestar e tomar as decisões legais cabíveis. Além do mais, se fala em 250 parlamentares e até agora só se tem notícia de alguns. Não quero fazer prejulgamento, mas acho tudo muito estranho”.

Além disso, Humberto Costa também rebateu a hipótese de que o PP repassaria para ele o dinheiro proveniente da cota do partido, no esquema de propina. “Não consigo entender porque é que um partido vai dar apoio financeiro ao candidato de outro partido. Pelo contrário, o que vejo são os partidos chorando porque não têm recurso para fazer suas campanhas”, alegou.

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