Apesar dos sinais pessimistas sobre o desempenho da economia em 2015, a presidente Dilma Rousseff afirmou que seu governo almeja uma recuperação, prometeu medidas "drásticas", mas afirmou que o rumor de um ajuste fiscal próximo de R$ 100 bilhões "é chute".
Em café da manhã com jornalistas nesta segunda-feira (22), Dilma não quis antecipar nem a data do anúncio de ações para cortar os gastos orçamentários e, eventualmente, aumentar alguns impostos.
A única coisa que admitiu mudar é o programa de sustentação de investimentos no país, o PSI, afirmando que reduzirá os subsídios mas manterá outros.
Sobre o ajuste fiscal, afirmou que os R$ 100 bilhões são, de certa forma, irreais, pois não foram apresentados a ela. Dilma, porém, tem discutido o corte de despesas com sua nova equipe econômica, integrada pelo futuro ministro da Fazenda Joaquim Levy e o futuro ministro do Planejamento Nelson Barbosa.
Pressionada a antecipar suas ações para recolocar a economia em rota de crescimento, a presidente saiu-se com uma brincadeira: "eu tenho um treino de técnica de interrogatório que você não imagina". Ela, entretanto, não descartou que o corte possa chegar a R$ 100 bilhões.
Durante o café, Dilma ainda confirmou que irá abrir o capital da Caixa Econômica, mas indicou que o processo deve demorar.
CRISE
Sobre a crise mundial, que já atingiu a Rússia, por exemplo, a petista disse não acreditar em "uma nova grande crise", como a de 2008, e voltou a dizer que, no caso do Brasil, as especulações sobre uma "tempestade perfeita" não se confirmaram.
"Não acho que a Rússia esteja à beira de uma crise econômica", disse. "Não acho que os Brics terão grande problema. O problema dos Brics não é financeiro", afirmou. Ela reconheceu, porém, que a situação econômica não é das melhores mas está estável.
A presidente negou ainda que esteja conversando com a Argentina sobre um possível socorro econômico à nação vizinha. Jornais argentinos afirmam que o Brasil estaria negociando uma ajuda para aliviar a dívida externa argentina.
CUBA
Dilma voltou a defender o fim do embargo dos Estados Unidos à Cuba e disse acreditar que o próprio presidente americano, Barack Obama, também concorda com a suspensão das restrições econômicas. Em seguida, atacou os críticos dos investimentos brasileiros para a construção do porto de Mariel, na ilha caribenha.
"Agora que o porto é o mais próximo da Florida, é um 'must'", afirmou Dilma. Ela classificou as críticas como "ridículas" e disse que a melhor forma de negociar com Cuba é através de investimentos. "A questão de Mariel foi tratada no Brasil com preconceito", completou.