Em debate com empresários de São Paulo nesta segunda (30), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, criticou o tratamento dado pela imprensa à frase dele sobre a presidente Dilma.
Para Levy, foi armado "um banzé em cima do truísmo [obviedade] de que, numa empresa, muitas vezes se trabalha sob pressões e nem tudo acontece de forma ideal".
Na terça-feira (24), o ministro havia afirmado em evento a portas fechadas que "há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno".
Nesta segunda-feira, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) minimizou a fala crítica a Dilma e afirmou que ela é assunto ultrapassado.
No evento do Lide nesta segunda, Levy deu ênfase ao trecho em que fala do "genuíno interesse e dedicação em endireitar as coisas no Brasil".
GASTOS VOLTARÃO A PATAMAR DE 2013
O ministro afirmou que a meta do governo é trazer os gastos para o mesmo patamar de 2013, o que representaria uma redução de 30%.
"Vai incomodar muita gente, mas o governo está fazendo isso e a presidente bancou isso. Será um esforço de todos."
Segundo Levy, ajustes fiscais passam não só pela União, mas também pelo Congresso. "Se acertamos na agenda tributária e financeira, no PIS Cofins e no ICMS e tivemos um acordo nos Estados, do Senado --muito mais do que da União-- que retire empecilhos, as pessoas saberão muito mais onde e como investem. Isso vai se traduzir em investimento bastante rápido."
EM ROTA DE RECUPERAÇÃO
O ministro aproveitou o evento para defender as medidas que estão sendo adotadas pelo governo e pintar um horizonte positivo para a economia.
Segundo Levy, as mudanças que restringem a obtenção do seguro desemprego tornarão menos interessante para jovens mudar de vaga em pouco tempo. Isso permitirá que as empresas invistam mais em seus funcionários.
Para ele, a indústria já vive um ambiente favorável com desvalorização do câmbio, que fechou em R$ 3,22 na sexta-feira.
Ele acredita que haverá nos próximos meses "uma retomada da produção industrial e mais indústrias atendendo à demanda interna, o que já não se via".