PDT diz votar contra MP 664 e entra na rota do Planalto

Ao se rebelar e não votar com o governo na MP 665, "efeitos colaterais" pipocam na base governista, causando cobrança e insatisfações
Carolina Albuquerque
Publicado em 11/05/2015 às 8:00
Ao se rebelar e não votar com o governo na MP 665, "efeitos colaterais" pipocam na base governista, causando cobrança e insatisfações Foto: JC Imagem


Após a conturbada e apertada votação da MP 665, que mexe no seguro desemprego e abono salarial, o Planalto e as lideranças da base governista no Congresso Nacional terão que cuidar de uma “rebeldia” no arco de alianças: a promessa do PDT de não fechar questão a favor da MP 664, que deve entrar na pauta de amanhã. Essa medida provisória, que mexe em regras da Previdência, é o segundo item do “pacote” de ajuste fiscal enviado pela presidente Dilma Rousseff para conter a crise econômica. Um dos vice-líderes do governo deputado federal Silvio Costa (PSC) admitiu que o governo não está em “céu de brigadeiro” e que a votação poderá enfrentar muitas dificuldades com a base aliada.

“Vou falar amanhã (hoje) que o fato de o PDT, que tem um ministério, inclusive, não ter votado com o governo na MP 665 causou efeitos colaterais na base. Muitos parlamentares têm demonstrado insatisfações e cobrado que o governo aplique alguma punição. É aquela história: numa sala de aula, quando o professor não pune aquele aluno que se comportou mal, ele perde o controle sobre os outros”, confessou Silvio Costa.

No final de abril, o presidente do PDT, Carlos Lupi, disse em conversa com aliados que o “PT tinha roubado demais”, causando uma indisposição, ainda que abafada, com os petistas. Agora, a bancada federal do partido votou massiva contra a MP 665. Em reunião, logo em seguida, os parlamentares trabalhistas também decidiram não aprovar a MP 664, que muda significativamente as exigências para concessão do auxílio-doença e a pensão por morte. Já a 665 altera as regras de pagamento do seguro-desemprego, do abono salarial e do seguro-defeso para o pescador artesanal.

“A turbulência é grande. Lideranças de outros partidos têm dito que eles se desgastaram com a população (por votar em uma matéria que retira direitos trabalhistas), enquanto um partido da base fechou contra”, comentou Silvio Costa. Para ele, ou o PDT repensa sua posição em relação à votação da 664 ou terá que ser punido. “Quem derruba ministro não é o Congresso, é a presidente. Mas se ele votar contra, não vejo outra saída que não seja tirar o ministério do PDT”, opinou. Os dias de hoje e amanhã serão intensos no Congresso e no Palácio do Jaburu, de onde o vice-presidente Michel Temer faz as articulações políticas. 

Apesar de prevista para entrar na pauta amanhã, Silvio Costa admite que pode ser que a votação da 664 seja adiada. “Ainda há tempo, pois ela não completou os 45 dias que faz com que a pauta fique trancada e a sua votação seja obrigatória”, explicou. 

A vitória do Planalto no último dia 6 de maio na votação da MP 665 foi bastante apertada, com uma margem de 25 votos de diferença. Foi preciso, primeiro, convencer a própria bancada do PT a votar a favor, antes resistente ao pacote. Michel Temer também entrou em campo e conseguiu, nos bastidores, costurar o voto de membros da oposição, obtendo oito do DEM, sete do PSB e três do PV, sem os quais a vitória do Planalto seria ainda mais difícil. 

Para a MP 664, o PSB, cuja bancada pernambucana votou toda contra a 665, já admite um clima mais favorável. “Ainda vamos nos reunir. Mas sinto um clima mais ameno e menos resistente. Tem muitos que concordam que corrige distorções na Previdência”, falou o líder do PSB, deputado federal Fernando Filho. 

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