Pouco depois de depor à Polícia Federal em Curitiba, o executivo Alexandrino de Salles Ramos de Alencar oficializou seu pedido de demissão da Odebrecht na noite desta segunda-feira (22) sob alegação de se dedicar "integralmente à defesa".
Preso na deflagração da fase Erga Omnes da Operação Lava Jato na última sexta (19), Alexandrino era diretor de relações institucionais da Odebrecht e um dos elos entre a construtora e doações para campanhas eleitorais. Habilidoso como políticos, ele foi o executivo da Odebrecht que acompanhou o ex-presidente Lula viagens ao exterior.
Em viagem à Guiné Equatorial em 2011 como representante do governo Dilma, Lula colocou Alencar entre os integrantes de sua delegação oficial.
"Em virtude dos fatos envolvendo a minha pessoa e vindos a público na sexta-feira (19.06.2015), comunico meu afastamento e meu desligamento da empresa, a fim de que me possa me dedicar integralmente à minha defesa no procedimento no qual figuro como investigado", escreveu Alexandrino, no comunicado endereçado à diretoria da empreiteira.
Após o término do depoimento de Alexandrino, o advogado Augusto de Arruda Botelho protocolou uma petição junto à 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná com o pedido de demissão anexado. Segundo a defesa, o fim do vínculo de Alexandrino com a Odebrecht afastaria o "risco à ordem pública" que poderia embasar a prorrogação da sua prisão temporária.
"Para fulminar em definitivo qualquer receio de risco à ordem pública, o peticionário informa que afastou-se e desligou-se em definitivo de suas funções na Construtora Norberto Odebrecht S/A", diz trecho da petição protocolada na noite desta segunda..
Botelho afirma que o agora ex-executivo tampouco oferece risco de fuga -"mesmo sabendo-se investigado há vários meses, ele foi localizado em seu endereço residencial"- nem de destruição de provas, outros requisitos para embasar a prorrogação da prisão.
PRISÃO
Alexandrino Alencar foi preso na mesma ação que deteve os presidentes Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, além de outros executivos ligados às duas empreiteiras, as maiores do país.
O juiz federal Sergio Moro citou no mandado de prisão que há prova material de pagamento de propina "no qual consta expresso o nome da Odebrecht como responsável pela transação".
Ele cita um suborno de US$ 300 mil para Pedro Barusco, feito em setembro de 2013, por uma empresa do Panamá chamada Constructora Internacional Del Sur, que o juiz liga à Odebrecht -a empreiteira sempre refutou que fosse a controladora dessa firma.
Contra Azevedo pesa uma transferência para ele de R$ 500 mil Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano -e apontado pelos investigadores da Lava Jato como intermediador de propinas para ex-diretores da Petrobras e integrantes do PMDB.