Dilma tem 'prepotência' e adota 'postura imperial', diz oposição

A oposição diz que "ela não tem limite ético no seu proceder"
Da Folhapress
Publicado em 07/07/2015 às 13:13
A oposição diz que "ela não tem limite ético no seu proceder" Foto: Foto: Roberto Stuckert Filho / Fotos Públicas


A oposição reagiu, nesta terça-feira (7), à declaração da presidente Dilma Rousseff de que não "pegou um tostão" de dinheiro sujo e que não teme o debate sobre sua saída antecipada da Presidência da República.

Os parlamentares classificaram as declarações da presidente à Folha de S.Paulo como uma demonstração de "prepotência" e de "postura imperial". Em entrevista publicada nesta terça, Dilma diz não ter medo de sofrer impeachment.

"Não tem base para eu cair, e venha tentar. Se tem uma coisa que não tenho medo é disso", disse.

"Eu já vi presidente dizer que luta com unhas e dentes para proteger o seu país, mas é a primeira vez que vejo um presidente dizer que luta com unhas e dentes para proteger o seu mandato. Ela não está lá para isso", disse o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP).

Para o tucano, a fala de Dilma mostra que ela aceita o "jogo espúrio da troca de cargos, da compra de favores".

"Ela não tem limite ético no seu proceder", atacou.

Em nota, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) ironizou as declarações de Dilma. "Para o PT, se o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] investiga ilegalidades na prestação de contas das campanhas eleitorais da presidente da República, trata-se de golpe. (...) Tudo que contraria o PT, e os interesses do PT, é golpe!", afirmou.

Candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, o mineiro afirma que o discurso de petistas tem como objetivo "constranger e inibir instituições legítimas".

"Os partidos de oposição continuarão atentos e trabalhando para impedir as reiteradas tentativas do PT para constranger e inibir a autonomia e independência das instituições brasileiras", concluiu.

Para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), Dilma está "escrevendo o script" de quem está deixando o poder. "É o discurso do 'eu me garanto', 'não me intimidam', 'estou acostumada com isso'", disse ele.

Caiado negou atitude golpista de partidos da oposição e ponderou que "as regras estão sendo seguidas à risca", em referência aos questionamentos sobre as pedaladas fiscais, em análise pelo TCU (Tribunal de Contas da União), e sobre suposto crime na campanha que reelegeu a presidente, em estudo pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"Ela é imune a tudo? É uma postura imperial, não é uma postura republicana", afirmou o senador. Ele ponderou ainda que os questionamentos não se referem à "honra da presidente".

"Não estamos discutindo a pessoa física. A pessoa física tem todo nosso respeito. Agora, a pessoa jurídica presidente da República sabe que se omitiu, prevaricou", disse Caiado, citando o fato de que Dilma já presidiu o Conselho de Administração da Petrobras, estatal alvo de investigação na Operação Lava Jato.

CONTROLE

Para Sampaio, a presidente desconsiderou a importância institucional dos órgãos de controle ao dizer "eu não vou cair".

"Mais do que uma prepotência, isso é uma desconsideração para com os órgãos de controle do país. Quem pode rejeitar as contas dela é o TCU. Quando ela diz isso, ela passa por cima de um órgão fiscalizador. Ela desconsidera que isso independe da sua vontade", disse. "É um absurdo essa postura", completou.

O tucano fez ainda uma provocação à presidente ao dizer que viu a entrevista com um "misto de estarrecimento e alegria".

"Alegria porque eu sei que tudo o que ela diz, desde a campanha eleitoral, é mentira. Então, se ela diz que não vai cair, é porque vai."

Para o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), Dilma deveria abandonar o "discurso de bravata" e "serenar os ânimos".

"Antes de fazer um discurso público mais na linha da bravata, eu acho que a presidente deveria tentar serenar os ânimos do país, mostrar uma direção. Porque, infelizmente, o quadro atual é de muita contestação do processo de sua reeleição e do seu desempenho como PR que não apresenta perspectiva de longo prazo para o país", disse.

BRIGA

No auge da pior crise de seus quatro anos e meio de governo, Dilma desafiou, na entrevista à Folha, os que defendem sua saída prematura do Palácio do Planalto a tentar tirá-la da cadeira e a provar que ela algum dia "pegou um tostão" de dinheiro sujo.

"Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso aí é moleza, é luta política".

Apesar do cerco político que parece se fechar a cada dia, Dilma chamou os opositores para a briga. "Não tem base para eu cair, e venha tentar. Se tem uma coisa que não tenho medo é disso".

Com dedo indicador direito erguido, foi mais enfática: "Não me atemorizam".

Afirmou, ainda, que o governo prepara novas medidas para ampliar o ajuste fiscal -mas não quis detalhar quais- e admitiu que cometeu erros no primeiro mandato, mas disse que as "pedaladas" fiscais foram adotadas antes do PT entrar no governo.

TAGS
Dilma Rousseff oposição crítica
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory