Após delação de Ricardo Pessoa, empreiteira busca CGU por acordo de leniência

Órgão do governo federal aguarda um aval do TCU para prosseguir com as negociações
Da Folhapress
Publicado em 16/07/2015 às 12:40
Órgão do governo federal aguarda um aval do TCU para prosseguir com as negociações Foto: Foto: ABr


Após o dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, ter firmado acordo de colaboração premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República) e feito duras denúncias contra a campanha da presidente Dilma Rousseff, sua empresa buscou a CGU (Controladoria-Geral da União), órgão do governo, para firmar um acordo de leniência e se livrar de punições na esfera administrativa.

A reportagem apurou que o órgão do governo federal aguarda um aval do TCU (Tribunal de Contas da União) para prosseguir com as negociações. Caso seja firmada a leniência, a empreiteira se livra de ficar proibida de contratar com o poder público, punição que pode ser imposta pela Controladoria, que atualmente move processos de responsabilização contra 30 empresas por corrupção na Petrobras.

Na CPI da Petrobras nesta quinta (16), o ministro da CGU, Valdir Simão, revelou que uma nova empresa procurou o órgão com um memorando de intenções para acordo de leniência, mas não disse o nome da empresa. A reportagem apurou com uma fonte do Tribunal de Contas que se trata da UTC.

Em sua delação, Pessoa citou políticos beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras e acusou a campanha da presidente Dilma Rousseff de tê-lo coagido a fazer doações. Ele disse que doou R$ 7,5 milhões para a eleição da petista por medo de perder contratos na estatal.

Outras cinco empresas investigadas por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras já negociam acordos de leniência com a CGU e tiveram um aval inicial do TCU: Galvão Engenharia, Engevix, OAS, Setal e SBM. Nenhum acordo foi firmado até o momento.

Para assinar o acordo, uma empresa tem que admitir ter cometido infrações, colaborar com as investigações, comprometer-se a ressarcir o dano ao erário e implantar um programa de boas práticas que terá o acompanhamento do governo federal.

O mecanismo é criticado pelo Ministério Público, que considera que a CGU não tem capacidade de avaliar se as empresas apresentaram provas relevantes para negociar a leniência.

FALÊNCIA

Nesta quinta, Valdir Simão e o ministro da AGU, Luís Inácio Adams, defenderam à CPI da Petrobras os acordos. Adams voltou a dizer que a inidoneidade levaria as empresas à falência.

"Uma empresa impedida de contratar não pode mais se financiar com o Estado. Esse financiamento é absolutamente essencial. Na medida que ela sofre essa penalidade, começa também a sofrer restrições no mercado privado", afirmou o chefe da AGU.

Simão disse que, além das 30 empresas alvo de processos da CGU, também há 19 processos disciplinares contra 58 funcionários e ex-funcionários da Petrobras.

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