Bumlai nega à PF ter buscado apoio de Palocci para ex-diretor da Petrobras

O lobista Fernando Baiano afirmou ter procurado Bumlai em 2010 para articular apoio do PT ao então diretor da estatal, Paulo Roberto Costa
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 22/12/2015 às 10:26
O lobista Fernando Baiano afirmou ter procurado Bumlai em 2010 para articular apoio do PT ao então diretor da estatal, Paulo Roberto Costa Foto: Foto: Gabriela Bilo/Estadão


O pecuarista José Carlos Bumlai negou em depoimento à Polícia Federal que tenha buscado apoio do PT e do ex-ministro Antonio Palocci para ajudar na manutenção de Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da Petrobras em 2010, segundo relatou o lobista e delator Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.

Bumlai depôs na terça-feira (15). Ele foi confrontado com o depoimento de Baiano sobre o suposto repasse de R$ 2 milhões da "cota" da Diretoria de Abastecimento no esquema de corrupção na Petrobras para a campanha de Dilma Rousseff em 2010.

O lobista afirmou ter procurado o pecuarista em 2010 para articular apoio do PT ao então diretor da estatal, cota do PP no esquema, e disse que no encontro Bumlai sugeriu a reunião do ex-diretor com Palocci.

Aos investigadores, Bumlai confirmou sua amizade com Lula e disse que mantinha relações comerciais com Baiano, mas acusou o delator de mentir, negou que possuísse influência política no PT e que tenha agendado uma reunião entre Palocci, então coordenador da campanha de Dilma à Presidência, e Costa para aproximá-lo do PT.

"Que não é verdade isso que foi dito por Fernando Baiano, pois nunca marcou qualquer encontro envolvendo Paulo Roberto Costa e/ou Antonio Palocci, que nunca conversou com Palocci no ano de 2010, durante a campanha eleitoral", afirmou o pecuarista que disse ainda ter se encontrado com o ex-ministro somente uma vez naquele ano e que sequer conversou com ele.

 

O pagamento de R$ 2 milhões à campanha presidencial do PT em 2010 foi inicialmente apontado aos investigadores da PF nas delações de Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da Lava Jato, em agosto de 2014. O ex-diretor relatou ter recebido um pedido via doleiro Alberto Youssef, que teria falado no nome de Palocci. O doleiro negou ter sido ele o autor do pedido e revelou posteriormente que outro operador de propinas traria à tona tal demanda.

 

Seria Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, operador de propinas ligado ao PMDB. Ele também fez acordo de delação premiada com a Lava Jato e em depoimento no dia 15 de setembro revelou que aproximou Palocci de Costa.

 

Para isso, Fernando Baiano afirma ter se reunido com o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que ele tentasse garantir a permanência de Costa na Diretoria de Abastecimento da Petrobras caso a candidata Dilma fosse eleita. Costa temia ser demitido do cargo.

 

Paulo Roberto Costa foi colocado frente a frente com Fernando Baiano em novembro e negou que tivesse participado de reunião com ele e Palocci para tratar do assunto. O ex-diretor sustenta ter ouvido de Youssef o pedido de R$ 2 milhões para a campanha do PT a pedido do ex-ministro. Costa disse que autorizou o pagamento.

 

A defesa de Fernando Baiano não foi localizada para comentar o caso.

 

Em nota, o PT afirma que todas as doações recebidas pelo partido "aconteceram estritamente dentro da legalidade e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral".

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