Enquanto o atual líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), conduz sua campanha em Brasília para se manter no cargo durante 2016, usando a capital federal como plataforma para conversar, inclusive, com peemedebistas que querem a mudança de líder, seu concorrente, Hugo Motta (PB) mantém o calendário de viagens aos estados, lançado logo depois de anunciar sua candidatura à liderança, atrás de apoio das bancadas regionais. Falta uma semana para a escolha do nome que comandará o partido na Câmara, marcada para 17 de fevereiro, e o cenário está indefinido.
A expectativa de governistas e oposicionistas sobre a escolha do partido – um dos únicos que ainda não anunciou a liderança este ano – é em função dos rumos que o PMDB pode tomar em relação às decisões da Casa. Enquanto Picciani conta com o apoio do Planalto, Motta, próximo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é aclamado como alternativa pela ala insatisfeita do PMDB com o governo Dilma Rousseff.
Parlamentares de todas as legendas vêm, desde o ano passado, revelando o impacto sobre votações no plenário e nas comissões da Casa provocado pelos impasses sobre a abertura de um processo de impeachment de Dilma e a representação contra Cunha no Conselho de Ética. O processo de Dilma está parado desde dezembro, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu invalidar a eleição da chapa avulsa para comissão especial que analisará o pedido. A representação contra Cunha aguarda análise de recursos pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O documento pede o afastamento do peemedebista em função de denúncias de recebimento de propina e manutenção de contas não declaradas no exterior.
Apoio de Cunha
Desde que anunciou sua candidatura, Motta tem tentado minimizar a importância do apoio de Cunha para uma possível vitória. Otimista, o deputado que presidiu a CPI da Petrobras, indicado pelo presidente da Casa, aposta que vencerá independentemente desse apoio, mas por “ter mais condição de unificar a bancada”. O paraibano ainda lembra que se posicionou contrariamente ao impeachment de Dilma, mas admite que, como líder, seguirá a decisão da maioria da bancada.
O marco do racha no PMDB, que dividiu aliados e críticos do governo, foi o anúncio, em julho do ano passado, de rompimento pessoal de Cunha com o Executivo. Na época, Eduardo Cunha lançou uma campanha para que o vice-presidente da República, Michel Temer, e também presidente do partido deixasse o cargo, mas a investida não teve êxito.
Meses depois, o parlamentar decidiu acatar o pedido de impeachment apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, e iniciar o processo para indicação e votação de nomes que integrariam a comissão especial para analisar essa matéria.
A lista do PMDB formulada por Picciani na época foi o estopim para correligionários favoráveis à saída do governo que acusaram o líder de incluir nomes alinhados com o Planalto. Leonardo Picciani chegou a ser afastado por uma manobra da ala insatisfeita e depois reconduzido ao cargo com a assinatura de apoio da maior parte da bancada.