A defesa do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado por corrupção na Lava Jato, informou à Justiça Federal no Paraná que vai ficar em silêncio caso tenha que depor no inquérito que investiga a suspeita de ocultação de patrimônio do ex-presidente Lula e sua mulher, Marisa Letícia, envolvendo um tríplex no Guarujá, cidade do litoral paulista.
Como está preso em Curitiba por ordem do juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, o Ministério Público de São Paulo precisa solicitar ao magistrado autorização para tomar seu depoimento.
A audiência, que seria realizada no Ministério Público do Paraná, já estava marcada para o próximo dia 24, mas foi suspensa após um recurso do deputado petista Paulo Teixeira contra o promotor paulista Cássio Conserino, responsável pelo caso, ser acatado pelo Conselho Nacional do Ministério Público, suspendendo os atos da investigação - inclusive os depoimentos do ex-presidente Lula e da ex-primeira dama, marcados para a última terça, 16.
Na petição encaminhada a Moro, a defesa do petista pede que o depoimento não seja realizado para evitar os custos de deslocamento de Vaccari, que como está preso precisa ser escoltado pela polícia, já que o ex-tesoureiro adiantou que vai ficar em silêncio.
Vaccari presidiu a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) de 2004 a 2010, período em que a esposa de Lula, Marisa Letícia, adquiriu cotas do empreendimento da Bancoop no Guarujá. A cooperativa, contudo, se tornou insolvente e em 2009 o empreendimento foi repassado para a empreiteira OAS. Além disso, o petista também é réu na Justiça Federal de São Paulo no processo que aponta desvio de R$ 70 milhões dos cofres da Bancoop durante sua administração.
Segundo divulgou o Instituto Lula, com a transferência para a empresa a esposa do ex-presidente parou de receber os boletos da cooperativa e não aderiu ao contrato com a nova incorporadora, e a família decidiu abrir mão do apartamento e receber de volta o valor que eles investiram.
Na próxima terça-feira, 23, o plenário do CNMP vai analisar a liminar do conselheiro Valter Shuenquener que acatou parcialmente o pedido de Paulo Teixeira e suspendeu os depoimentos da investigação. Os promotores responsáveis pela investigação também afirmaram que vão recorrer da decisão do conselheiro.