Oposição vai usar nova fase da Lava Jato para pressionar debate do impeachment

A nova fase da Lava Jato investiga a relação de João Santana com a empresa Odebrecht
Da ABr
Publicado em 22/02/2016 às 17:10
A nova fase da Lava Jato investiga a relação de João Santana com a empresa Odebrecht Foto: Foto: Ichiro Guerra PR Fotos Públicas


Partidos de oposição incluíram na pauta da reunião, marcada para amanhã (23), repercussões da 23ª fase da Operação Lava Jato, denominada Acarajé, deflagrada nesta segunda-feira (22) pela Polícia Federal. A nova etapa da operação teve oito mandados de prisão decretados, entre eles estão o do publicitário João Santana e de sua mulher, Mônica Moura. O casal está fora do país, em viagem à República Dominicana. A polícia investiga o envio irregular de dinheiro para contas do publicitário no exterior. 

Parlamentares da oposição querem usar as novas investigações para aumentar pressão em relação ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), destacou que os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda estão analisando as contas da campanha da chapa de Dilma e Michel Temer. “Possivelmente esta chapa vai ser cassada. Esta operação vem trazer mais elementos para mostrar que foi usado dinheiro sujo na campanha de Dilma”, disse o líder.

“Esta operação mostra que o PT, reiteradas vezes, vem exercendo esta prática: na eleição do Lula, com Duda Mendonça que em 2005 esteve na CPI do Mensalão, confessando que tinha recebido dinheiro de caixa 2 no exterior. A prática continuou, tanto na reeleição do Lula como também na eleição e reeleição da presidente Dilma Rousseff. Entendemos que esta operação não vai deixar que aconteça o mesmo”, disse Avelino. 

A nova fase da Lava Jato investiga a relação de João Santana com a empresa Odebrecht, que também é alvo das investigações e que teria feito repasses financeiros ao publicitário no exterior. Segundo o delegado Filipe Pace, a suspeita é que os pagamentos para contas secretas de Santana no exterior foram ilegais, provenientes da construtora Odebrecht e do engenheiro Zwi Skornicki, representante oficial no Brasil do Estaleiro Keppel Fels. “A suspeita é que o pagamento veio de serviços eleitorais prestados ao PT”, disse o delegado. João Santana coordenou as duas campanhas da presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, e a campanha de reeleição do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Vice-líder do governo na Câmara, Silvio Costa (PTdoB-PE), disse que a tentativa da oposição de reacender o debate sobre impeachment é mais “espuma”. “Isto não tem nada a ver com a presidente Dilma. Desafio qualquer brasileiro a ter registrado um telefonema da presidente pedindo dinheiro para a campanha. A presidente não cuidava das finanças da campanha. Todo comitê eleitoral tem seu tesoureiro”, disse.

Para Costa, a oposição também precisa cautela nos julgamentos sobre outros presos.  “João Santana tem a seu favor o princípio da presunção da inocência. É evidente que ele recebeu recursos para a campanha. Ele era o marqueteiro dela”, afirmou.

A Agência Brasil ainda não conseguiu contato com outros líderes do PT e do governo no Congresso. O presidente do partido, Rui Falcão, marcou para tarde de hoje uma apresentação do programa de televisão do PT, que irá ao ar amanhã. A assessoria de imprensa da Casa Civil da Presidência da República informou que não vai se manifestar sobre o assunto.

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