A presidente Dilma Rousseff garantiu nessa terça-feira que não irá renunciar e insistiu que o processo de impeachment que tramita no Congresso é uma tentativa de "golpe de Estado" da oposição.
"O que está em curso é um golpe contra a democracia", afirmou Dilma Rousseff em uma cerimônia com juristas no Palácio do Planalto. "Eu jamais renunciarei. Aqueles que pedem a minha renúncia mostram a fragilidade da sua convicção sobre o processo de impeachment. Porque, sobretudo, tentam ocultar justamente esse golpe contra a democracia. E eu posso assegurar a vocês que eu não compactuarei com isso. Por isso, não renuncio em hipótese alguma", afirmou.
"Não cometi nenhum crime previsto na Constituição e nas leis para justificar a interrupção de meu mandato", justificou a presidente, aplaudida e por centenas de juristas e professores de direito contrários ao pedido destituição, que gritaram em uníssono: "Não vai ter golpe!".
Em seu discurso, Dilma Rousseff lembrou que já foi vítima de injustiças durante a ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985).
"Condenar alguém por um crime que não praticou é a maior violência que se pode cometer contra qualquer pessoa. É uma injustiça brutal. É uma ilegalidade. Já fui vítima desta injustiça uma vez, durante a ditadura, e lutarei para não ser vítima de novo, em plena democracia", reiterou.
O senador do PSDB Aécio Neves, derrotado por Dilma Rousseff nas últimas eleições, pediu há 10 dias a renúncia da presidente como um "gesto magnânimo" de quem "perdeu as condições mínimas para governar".
O juiz Sérgio Moro, encarregado da Operação Lava Jato, divulgou a interceptação das conversas telefônicas de seus investigados, entre elas uma que Lula manteve com Dilma Rousseff. Moro liberou também as gravações em que os dois discutem estratégias para enfrentar a crise. O governo tornou pública sua insatisfação, considerando que o fato se tratou de uma manobra de desestabilização.
"A Justiça brasileira fica enfraquecida e a Constituição é rasgada quando são gravados diálogos da presidenta da República sem a devida, necessária e imprescindível autorização do Supremo Tribunal Federal - gravados e divulgados - em uma evidente violação da segurança nacional", alertou a presidente.
A comissão especial que analisa na Câmara o pedido de impeachment realizou nessa terça-feira terceira de quinze reuniões para resolver o pedido de 'impeachment'.