Longe de causar surpresa, a saída do PMDB do governo também não significa estabilidade na montanha russa da política brasileira, observam analistas. É mais provável o impeachment da presidente da República com a redução da base do governo, com o rompimento do PMDB e de outros partidos. Mas o ministro Jaques Wagner e o ex-presidente Lula podem conquistar novos apoios.
Se Dilma cair, o Brasil vai retomar seus rumos com o PMDB num eventual comando? Dependerá de acordos, das reações populares a Michel Temer, da pressão econômica, da difícil unidade do partido e dos rumos da Operação Lava Jato, que investiga corrupção, supõem cientistas políticos. Como fica o País até 2018 e depois dele? Ninguém tem certeza, considerando a fragilidade das grandes legendas e dos poderes.
“Quando um partido deixa cargo, há sempre outro querendo ocupar o lugar”, lembra o cientista político Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco, que ainda não dá como certa a perda total de apoio da presidente. Também professor da UFPE, Michel Zaidan afirma que ela nunca teve os votos do PMDB: “Por que Dilma não governa?”, argumenta, referindo-se à base frágil no Congresso. Mas o impacto da aclamação de ontem pelo racha com o governo ninguém nega. “Pode estimular a saída de pequenos partidos”, avalia Zaidan. Mesmo que o PMDB assuma um aparente poder no comando da Presidência da República, em caso de impeachment de Dilma, pode não ter a governabilidade fácil.
Para Oliveira, Michel Temer pode ter pela frente uma oposição forte do PT ou fazer um acordão com o PSDB e demais partidos de resultados incertos. “Pode por um freio à Lava Jato e gerar menor participação do governo nas políticas públicas, causando insatisfação popular”.