Senadores dizem que governo ofereceu cargos em troca de votos contra impeachment

Documento entregue a PGR consta que Dilma Rousseff e Jaques Wagner estavam negociando votos
Da ABr
Publicado em 31/03/2016 às 20:07
Documento entregue a PGR consta que Dilma Rousseff e Jaques Wagner estavam negociando votos Foto: Foto: José Cruz / Agência Brasil


Os senadores José Medeiros (PSD-MT) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES) apresentaram nesta quinta-feira (31) uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a presidenta Dilma Rousseff e o ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Jaques Wagner.

O documento, que é assinado também por Carla Zambelli, representante da Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, pede a responsabilização civil, penal e administrativa de Dilma e Wagner por entender que os dois ofereceram cargos em troca de votos contra o impeachment no Congresso Nacional.

“Trata-se desse mercadão de cargos que se instalou e que o ministro, sem pudor algum, falou em rede nacional”, explica Medeiros. “Antes essa oferta era velada. Agora o que estamos vendo é um novo mensalão, com a venda de cargos por apoio político”, afirmou, referindo-se a declarações do ministro Jaques Wagner, dadas no último dia 29, quando o PMDB anunciou sua saída da base aliada do governo. Wagner na ocasião disse que o anúncio chegava em "boa hora" e abria a oportunidade de "repactuar" o governo com outras forças políticas e que, embora o governo estivesse perdendo um "parceiro importante", a presidenta Dilma Rousseff já havia começado a promover conversas no sentido de abrir espaço para novos aliados.

Em resposta às críticas de que o Planalto se transformou em um "balcão de negócios", o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, rebateu: "trocas de cargos ocorrem 365 dias por ano no governo. Não existe espaço vazio na política".

O senador José Medeiros argumentou que, quando o governo oferece um cargo para uma pessoa, ela deve ter o compromisso de assumi-lo para pôr em prática políticas públicas e projetos anunciados. “Não podem os cargos públicos serem ofertados para virar caixa de partidos políticos. Presidencialismo de coalizão não é isso”, afirmou o senador.

A representação pede a abertura de procedimento administrativo para que sejam apuradas a materialidade e a autoria dos fatos nas esferas cível e penal, assim como um inquérito civil administrativo. A partir disso, se forem comprovadas as denúncias, os autores da representação pedem que a PGR requeira a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos da presidenta e do ministro.

Ao todo, 48 movimentos sociais representados por Carla Zambelli apoiam a representação. A procuradoria não tem prazo para analisar o pedido. A Agência Brasil procurou a Advocacia-Geral da União (AGU), que respondeu que não vai se manifestar sobre a representação. A AGU disse preferir esperar a decisão da PGR, dizendo se acata ou não o pedido dos senadores.

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