A presidente Dilma Rousseff retomou nesta sexta-feira (1º) a reforma administrativa prometida em setembro do ano passado, quando disse, entre outras coisas, que cortaria 3 mil cargos no Executivo. Hoje, Dilma eliminou 220 cargos em comissão e funções de confiança no Ministério da Agricultura, pasta comandada pela dissidente peemedebista e sua aliada contra o processo de impeachment, Kátia Abreu.
Depois de ter prometido a reforma administrativa no ano passado, a presidente fez apenas ajustes tímidos - pouco mais de 10% do total perseguido passou pela tesoura. Agora, em meio ao processo de impeachment e ao acirramento político, sobretudo depois do desembarque do PMDB do governo, ela parece ter encontrado oportunidade para fazer uma nova investida na reforma.
O Ministério da Agricultura, que tem se empenhado para manter Dilma no Palácio do Planalto, foi o primeiro desse novo ciclo de ajuste. Decreto presidencial publicado hoje no Diário Oficial da União (DOU) elimina 220 cargos, deixando a pasta de Kátia Abreu com 2.276 postos de confiança - os cálculos para esses números foram feitos pelo Broadcast com base em informações do Diário Oficial e do Portal da Transparência.
Em meio ao ajuste, foi extinta a Secretaria do Produtor Rural e Cooperativismo, cadeira que era ocupada por Caio Rocha, peemedebista que pediu demissão na manhã de hoje por determinação do partido.
A secretaria da Pesca, ocupada por Marlon Carvalho Cambraia, indicado do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), deve ser uma das mais afetadas: de 312 cargos de confiança, passará a ter apenas 87, um corte de 72,12% no quadro de funcionários de confiança ou com função.
A secretaria, que já foi ministério e recentemente foi absorvida pela Agricultura após escândalos de corrupção, tinha 27 superintendências, além das cadeiras que ocupa na Esplanada do Ministérios.
Com esse ajuste, fontes avaliam que Kátia Abreu aproveitará as mudanças para reforçar a área de Defesa Agropecuária, considerada por ela uma prioridade. Nas próximas semanas, o Ministério deve divulgar os nomes dos que ficarão no quadro funcional.
Apesar de parte das alterações terem afetado peemedebistas, Tânia Garib, que seria indicada do senador Waldemir Moka (PMDB-MS), ganhou mais espaço. Ela continua à frente da área de Mobilidade Social e também absorveu as funções de Caio Rocha.
Com isso, a secretaria de Tânia - agora de Mobilidade Social, do Produtor Rural e do Cooperativismo -, que tinha apenas dois departamentos, ficou com quatro. A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), que era um órgão subsidiário do Ministério, também sofreu mudança e foi transformada em um desses departamentos da nova secretaria.