O Planalto elegeu o voto do deputado Paulo Maluf (PP-SP) na Comissão Especial do impeachment como determinante para ser perseguido até segunda-feira (11), quando o relatório favorável ao impedimento da presidente Dilma Rousseff será apreciado no colegiado. A busca pelo parlamentar parte do princípio de que ele pode mudar novamente sua posição e ser, nas contas do governo, o 33.º voto de desempate em favor da petista.
Maluf migrou nos últimos dias de uma posição contra o impeachment para uma posição indefinida e, depois, para uma favorável. Além dele, o governo vai passar o fim de semana empenhado em conseguir mais votos para derrubar o relatório. Há 65 votantes na comissão. Segundo o Placar do Impeachment do Estado, até as 20h30 de ontem, 35 deputados do colegiado são a favor do impeachment. Na quarta-feira, o relator Jovair Arantes (PTB-GO) apresentou parecer favorável ao processo de impedimento
Na sexta-feira (8), a tropa de choque do governo - os ministros Ricardo Berzoini e Jaques Wagner e o assessor especial da Presidência Giles Azevedo - se reuniu para fazer esta contabilidade. O governo recomendou aos líderes que continuem investindo nos parlamentares para mostrar que argumentos para tentar afastar Dilma são "totalmente políticos", "sem base na realidade" e "indefensáveis".
O debate na comissão começou ontem em uma sessão amena que se estenderia até a madrugada de hoje, uma vez que 116 deputados - entre membros e não membros - se inscreveram para defender ou rechaçar o pedido de afastamento da presidente. Até a 1h30 de hoje, após dez horas de sessão, 37 inscritos haviam falado, nenhum do PP ou do PR, partidos que negociam sua permanência na base. Parlamentares passaram a noite saindo e chegando ao plenário. Uma nova defesa oral do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, seria apresentada nesta madrugada, mas foi adiada para segunda-feira.
'Barbárie'. Integrante da comissão, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) disse que, se o afastamento for aprovado, haverá cenário de "barbárie". "Barbárie é o que vão implantar aqui se esse golpe se perpetrar", disse. A declaração gerou um princípio de tumulto, interrompendo seu discurso. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) chegou a perguntar se o colega estava fazendo uma ameaça. Damous retomou seu discurso após a intervenção do presidente do colegiado, Rogério Rosso (PSD-DF). O petista chamou o relatório de Jovair Arantes de "imprestável". "O relatório é ruim, é fraco. No relatório não se ouve a voz da defesa."
Rosso havia fechado acordo para esgotar a fase de pré-votação até as 4h de hoje. Mas, no fim da noite, admitia a possibilidade de estender as discussões até esta manhã. Rosso tem respaldo da oposição e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para realizar sessões de debates no fim de semana. Por causa da votação do impeachment, Cunha suspendeu as visitações públicas à Casa até o dia 17, data prevista para a votação em plenário.
Outro momento de tumulto foi marcado pela intervenção do petista Pepe Vargas (RS), que declarou que o PT não está no topo do ranking da corrupção e que PSDB e DEM são os partidos com o maior número de políticos cassados no País. O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), e o deputado Mendonça Filho (PE) reagiram com gritos de "mentira".
O discurso do deputado Sílvio Costa (PT do B-PE), vice-líder do governo na Câmara, provocou um acalorado bate-boca com dois parlamentares integrantes da Comissão Especial do Impeachment. Ele ironizou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) pelo fato de ele ser pastor e chamou o deputado Danilo Forte (PSB-CE) de "merda", "corrupto" e "imbecil". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.