O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, defendeu, nesta quarta-feira (20), o direito da presidente Dilma Rousseff de falar sobre o impeachment em viagem que fará a Nova York, durante uma sessão de abertura de evento sobre meio ambiente na Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o ministro, a decisão da presidente é legítima, apesar das críticas de que ela tem sido alvo desde o anúncio da viagem.
Em seu discurso de cinco minutos, Dilma planeja denunciar que é vítima de um golpe por parte da Câmara dos Deputados, que admitiu no último domingo um processo de impedimento contra ela. "A Presidente da República é Chefe de governo e de Estado e, como tal, ela tem direito de representar o País e se pronunciar dentro daquilo que acha que deve fazer. Ela está no exercício pleno do seu mandato e como tal deve agir", defendeu Cardozo.
A hipótese de Dilma usar a tribuna da ONU para falar sobre o assunto causou reação da oposição. Em nota, o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), classificou os planos da presidente de "desespero", e o líder da legenda na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), chamou a decisão de "grave erro". Cardozo minimizou: "Não há nada que a oposição não critique, é natural da atividade oposicionista", disse.
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também criticaram a possibilidade de Dilma usar a viagem para se defender do processo de impeachment. Gilmar Mendes e o decano da Corte, Celso de Mello, afirmaram que o processo que pede o seu afastamento no Congresso não pode ser chamado de golpe porque está correndo dentro da normalidade jurídica.
A viagem de Dilma está marcada para amanhã, às 9h30. O vice-presidente Michel Temer assumirá o cargo interinamente, mas, até o início da tarde, a sua equipe não tinha sido avisada da viagem de Dilma. Na agenda de Dilma nos Estados Unidos, além da reunião na ONU, a partir das 8h30 de sexta-feira (22), estão previstas pelo menos duas entrevistas, na sexta-feira e no sábado.