Um dia após anunciar que voltaria a ocupar seu gabinete na Câmara na próxima segunda-feira (23), o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recuou da declaração e disse à reportagem que antes vai consultar os advogados e avaliar a conveniência de voltar a frequentar a Casa.
O peemedebista alegou que a declaração, feita logo após o depoimento de quase sete horas no Conselho de Ética, foi uma resposta a quem dizia que ele estava proibido de por os pés na Câmara por estar suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Segunda foi forma de expressão. E não irei antes dos advogados me posicionarem claramente sobre o que posso ou não fazer. Se houver dúvidas, vou pedir que peticionem ao STF", afirmou.
Apesar de afastado, o peemedebista mantém o gabinete parlamentar funcionando, assim como algumas prerrogativas, como carro reserva da presidência, salário integral, segurança da Polícia Legislativa e uso da residência oficial da Câmara. Cunha disse que não está proibido de voltar à Casa, que ao declarar que voltaria ao gabinete na próxima semana, não seria para trabalhar porque isso poderia ser interpretado como uma afronta à decisão do STF. Ele ressaltou que só voltará a frequentar a Câmara "dentro do estrito respeito à decisão" da Corte. "Pode até não ser semana que vem", completou.
Nesta quinta-feira, o peemedebista informou aos jornalistas que estaria de volta à Câmara na segunda-feira. "Eu estou suspenso do exercício do mandato e não de frequentar a Câmara. Vou frequentar meu gabinete pessoal não mais hoje, mas a partir de segunda-feira vocês me encontram no gabinete 510", disse na ocasião. Questionado se poderia frequentar seu gabinete, o peemedebista afirmou que estava suspenso do exercício do mandato e não do mandato.
Aliados de Cunha revelaram que o peemedebista, mesmo articulando e negociando cargos no governo da residência oficial, estava começando a se sentir isolado e longe da movimentação do Congresso. Hoje, líderes partidários concluíram que Cunha desafiaria a Justiça ao voltar a Casa. "Não tenho dúvida de que é provocação, desobediência total à ordem judicial", avaliou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).