O avião que transportava o ex-governador Eduardo Campos durante a campanha presidencial de 2014 foi comprado por empresas fantasmas. Eduardo morreu em acidente aéreo em Santos no dia 13 de agosto de 2014. A informação foi repassada pela Polícia Federal nesta terça-feira, que investiga as movimentações financeiras feitas a partir da aquisição da aeronave Cessna Citation PR-AFA. Quatro pessoas foram detidas. Dois helicópteros, um avião e quatro carros de luxo foram apreendidos.
A PF constatou que essas empresas eram de fachada, constituídas em nome de 'laranjas', e que realizavam diversas transações entre si e com outras empresas fantasmas, inclusive com algumas empresas investigadas no bojo da Operação Lava Jato. As empresas atuavam em um regime de mescla, quando combinavam atividades lícitas e ilícitas.
ESPECIAL - O adeus a Eduardo Campos
Os empresários Apolo Santana Vieira (dono da empresa Bandeirantes Companhia Pneus), Arthur Roberto Lapa Rosal, João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho (filho do ex-deputado socialista Luiz Piauhylino) e Eduardo Freire Bezerra Leite foram alvos de mandados de prisão preventiva.
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Os dois primeiros foram detidos no Recife, Apolo Santana estava malhando em uma academia no momento da prisão. Os outros dois foram localizados quando desembarcavam em São Paulo e estão sendo trazidos de volta para o Recife. O quinto mandado de prisão foi expedido para Paulo César de Barros Morato, que está foragido.
Há suspeita de que parte dos recursos que transitaram nas contas examinadas serviam para pagamento de propina a políticos e formação de 'caixa dois' de empreiteiras. O esquema criminoso teria movimentado R$ 600 milhões desde 2010.
Segundo a delegada regional de combate ao crime organizado da PF, Andréa Pinho, a investigação identificou que houve movimentações volumosas de recursos desde 2010 e o volume se intensificou em 2014, desacelerando após a queda do avião.
"As empresas de fachada não se limitaram a compra da aeronave. O esquema era muito maior. Primeiro, porque elas faziam muitas transações entre si, o que já é bastante suspeito. Segundo, porque uma empresa de pescado, em nome de um pescador, ter adquirido um avião é suspeito. Em terceiro lugar, empresas de pequeno porte e empresas pequenas adquirido aviões com valores milionários também é suspeito", afirmou a delegada. "Nós também detectamos que as empresas inicialmente tinham movimentações bastante volumosas desde 2010, tendo se intensificado bastante no ano de 2014 e, coincidentemente ou não, depois da queda da aeronave, houve um declínio na movimentação das empresas, embora não tenha se esgotado por aí. Na verdade, foram abertas novas empresas de fachada para serem usadas pela organização criminosa", acrescentou.