Em seminário na Espanha, Dilma ataca Lava Jato e defende candidatura de Lula

A ex-presidente Dilma Rousseff usou o discurso para falar também sobre o seu impeachment e o governo de Temer
Estadão Conteúdo
Publicado em 25/01/2017 às 17:45
A ex-presidente Dilma Rousseff usou o discurso para falar também sobre o seu impeachment e o governo de Temer Foto: Foto: Reprodução / Facebook


Durante seminário realizado em Sevilha, na Espanha, a ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT) denunciou o "golpe" que sofreu no Brasil e dirigiu críticas à Operação Lava Jato. Ela usou o discurso no seminário internacional "Capitalismo Neoliberal, Democracia Sobrante" para defender a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontando que há uma tentativa de inviabilizar o petista via condenação judicial. 

Impeachment

A ex-presidente do Brasil disse que a situação piorou duas semanas após a sua vitória nas eleições de 2014. Ela disse que a crise foi perfeita para que os opositores encontrassem um "ambiente propício ao golpe". Dilma ainda afirmou que aproveitaram a crise econômica para implantar o golpe e agravar a crise política.

Outro ponto que Dilma tocou em relação ao seu impeachment foi a mídia. A petista disse que seu afastamento do cargo foi provocado por uma campanha da mídia que tinha dois objetivos: mostrar que o Brasil vivia uma grande gastança, vivia um excesso de gastos sociais e de investimentos feito pelo seu governo; e a segunda, que era necessário um fortíssimo corte nos gastos, mas não com um ajuste fiscal, e sim através de uma sangria fiscal.

Lava Jato

Dilma afirmou que a Operação Lava Jato usa o combate à corrupção como instrumento de luta política ideológica. "Há um desequilíbrio sistêmico entre os poderes, quando um poder desrespeita o outro, em decisões judiciais que se reivindica a justiça por medidas excepcionais alegando que para processo de investigação excepcional há que se ter medidas excepcionais." 

A ex-presidente também disse que o recurso é usado pela força-tarefa da Lava Jato, dizendo que um procurador acusou o ex-presidente Lula sem provas, mas com convicção. "Isso é muito grave", disse. "Se é possível um impeachment contra uma presidente sem crime de responsabilidade, então o cidadão comum também pode ser objeto de acusações sem base de fato em crime", emendou.

Nas investigações, acrescentou, há interesses "iminentemente escusos em querer inviabilizar empresas". "Não digo que toda investigação seja assim, mas não pode ser assim. Digo que não se pode combater a corrupção como instrumento político de destruição do que eles consideram como inimigo. Um réu é um inimigo e um inimigo se destrói. A justiça do inimigo não se pode aplicar em países democráticos".

Governo Temer

A petista acusou o PMDB, do presidente Michel Temer, de "usurpador", e o PSDB de "grande concebedor do golpe". Comentando o governo peemedebista, Dilma criticou o teto de gastos e disse que a medida congelará os gastos públicos, inclusive saúde e educação, por 20 anos.

A ex-presidente contrariou também a reforma da Previdência e a proposta de flexibilização das leis trabalhistas apresentadas por Temer. Fazer com que uma pessoa contribua 49 anos para se aposentar integralmente, disse Dilma, é uma "tragédia". 

Eleições

Falando que o Brasil caminha hoje para um futuro incerto, Dilma disse que 2018, ano de eleições presidenciais, vai trazer de volta a democracia ao Brasil. Ela defendeu a candidatura do ex-presidente Lula falando que há "grande possibilidade" de ele ser eleito.

"Para os golpistas, ele é um grande perigo", comentou Dilma, afirmando que tentam inviabilizá-lo de disputar eleições com uma condenação. 

Mais cedo, em entrevista, Dilma afirmou que não será mais candidata à presidente da República e que o candidato será Lula. Para a ex-presidente, querem inviabilizar até mesmo as eleições diretas de 2018. A tentativa é realizar eleições indiretas, o que chamou de "o golpe dentro do golpe".

Sobre uma eleição indireta no Congresso Nacional, a petista comentou que "essa hipótese é mais longínqua. "Hoje eu acredito que é mais longínqua."

A campanha de Dilma e Temer em 2014 é alvo de investigação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), processo que pode levar à cassação da chapa e à retirada de Temer do poder, convocando eleições indiretas via Congresso Nacional.

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