O juiz Sérgio Moro, que colherá o depoimento do ex-presidente Lula no âmbito da operação Lava Jato, nesta quarta-feira (10), explicou o motivo pelo qual negou o pedido da defesa de Lula para fazer uma gravação à parte do interrogatório. O juiz ainda anunciou a inclusão de mais uma câmera durante o procedimento jurídico e resolveu barrar celulares.
Segundo o juiz, "permitir que um profissional contratado pela parte (defesa de Lula) registre a audiência poderia colocar em risco o sigilo da comunicação entre os advogados e entre os representantes do MPF".
"Diálogos paralelos poderiam ser captados, e (a gravação) geraria o risco de exposição desnecessária da imagem das pessoas presentes e que já informaram que não desejam que suas imagens sejam gravadas e expostas na ocasião", escreveu Moro. "A gravação pela parte da audiência com propósitos político partidários não pode ser permitida pois se trata de finalidade proibida para o processo penal", continuou em seu despacho.
Lula deverá ser ouvido nesta quarta-feira (10), em meio à mobilizações, no prédio da Justiça Federal em Curitiba. Uma juíza da 5ª vara da Fazenda determinou o pagamento de multas para quem ultrapassar o perímetro proibido para acesso na região e para quem instalar barracas ou montas acampamentos nos arredores do prédio.
No depoimento, "será mantida a forma de gravação atual dos depoimentos, focada a câmara no depoente". "Pois é o depoimento a prova a ser analisada, e fica vedada a gravação em áudio e vídeo autônoma pretendida pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva", argumentou o juiz da Lava Jato.
Para evitar "qualquer informação equivocada de que se pretende esconder algo na audiência", Moro autorizou uma segunda câmera para a gravação adicional de imagens lateralmente, num "ângulo mais amplo". O despacho do juiz, no entanto, não deixa claro se a nova câmera irá mostrar Moro, como pediu a defesa do petista.
Sobre a decisão de proibir o uso de aparelhos celulares durante o depoimento, Moro diz que baseou sua decisão numa "experiência negativa anterior em outra ação penal, na qual o conteúdo de depoimento do acusado foi transmitido para veículos de imprensa antes mesmo do fim da audiência".