Em delação premiada firmada com o Ministério Público Federal (MPF), o ex-marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT), João Santana afirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff fez uso de mensagens cifradas, via e-mail, para informar ele a esposa, Mônica Moura, sobre mandado de prisão expedido no âmbito da Lava Jato.
Segundo o depoimento, o envio dos e-mails foi precedido de uma ligação do deputado Edinho Silva (PT-SP), que avisou sobre o pedido de Dilma para conversar com Mônica, que estava em Nova Iorque. Ainda conforme Santana, desde a campanha de 2010, a petista mantinha dívidas com o casal de marqueteiros. Após encontro entre a então presidente e Mônica, ficou acertado a criação de um sistema de comunicação cifrado, via e-mail.
Em outro de 2014, na reeleição de Rousseff, dívidas da campanha de 2010 ainda estavam pendentes, mesmo com intermédio de Guido Mantega para negociar o caixa 2, segundo o depoimento, a parte da dívida de R$ 10 milhões ter sido paga por Eike Batista e Zwi Skornicki.
Ainda de acordo com a delação do ex-marqueteiro, Dilma e Lula tinham conhecimento do uso de caixa 2 para pagamento de dívidas de campanha. A ex-presidente, seguindo o relato, teria recebido ligações de Marcelo Odebrecht confirmando que teria feito os pagamentos na conta secreta da Shellbil, no exterior, e pedindo para que a petista freasse o avanço da Lava Jato.
Em nota, a assessoria de Dilma lamentou que o vazamento dos depoimentos de Mônica e Moura e João Santana tenham sido liberados somente nesta quinta-feira (11), visto que a defesa já havia solicitado a quebra do sigilo. A nota ainda alega que os marqueteiros prestaram "falso testemunho" e "faltaram com a verdade".