A defesa do presidente Michel Temer (PMDB), em audiência com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin nesta segunda-feira (29) buscou rebater os argumentos da Procuradoria-Geral da República, que na sexta-feira passada pediu a Fachin a autorização para tomar depoimentos dos investigados no inquérito aberto contra Temer, o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR)
O advogado Gustavo Guedes defendeu os pedidos de redistribuição da relatoria, por meio de sorteio, e de desmembramento do inquérito contra o presidente e reforçou o pedido para que o STF aguarde a conclusão da perícia nos áudios gravados por Joesley Batista, delator do Grupo J&F, antes de qualquer outra etapa da investigação.
O pedido de separação de Temer de Aécio Neves - estratégia que já vinha sendo estudada - foi antecipado após Janot afirmar que o inquérito tem um prazo mais curto por envolver investigados presos. Os três presos, Andrea Neves, Frederico Pacheco e Mendherson Souza, são relacionados a Aécio.
Se Fachin desmembrar, o prazo mais curto não se aplicará ao inquérito contra o presidente. A defesa de Temer teria mais tempo. Advogados, no entanto, dizem que não estão interessados em atrasar a investigação, mas apenas em elucidar um ponto crucial.
De outro lado, Janot entende que não há necessidade de aguardar a perícia dos áudios e é preciso ouvir os investigados o quanto antes porque há investigados presos. A PGR espera o aval de Fachin. A PF queria ouvir Temer, Aécio Neves Rocha Loures e nesta semana, mas o ministro Fachin deixou claro que ainda não autorizou estas etapas.
Além de haver investigado preso, um dos pontos colocado por Janot, no pedido de autorização para marcar depoimentos, é que houve "confissão espontânea" por parte do presidente; o que a defesa nega.
Foi a terceira audiência entre advogados de Temer e o ministro Fachin desde a semana passada. A defesa espera que Fachin só autorize os depoimentos após a perícia ser entregue.
Diante da aproximação do julgamento da ação que pode cassar o mandato do presidente Temer no Tribunal Superior Eleitoral, os advogados de Temer iniciarão nesta terça-feira, 30, um corpo a corpo entre os ministros da Corte Eleitoral, para apresentar um memorial, com o resumo dos argumentos da defesa.
A defesa entende que o ambiente político não é o mesmo do início do julgamento da ação na Corte Eleitoral. A visão é que será preciso dedicar-se ainda mais a mostrar as razões para que Temer não seja cassado na ação proposta pelo PSDB contra a chapa formada por Dilma Rousseff e pelo peemedebista, vencedores na eleição de 2014.