Desafeto do PT, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) colocou o ex-presidente Lula (PT) e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) no mesmo patamar. Para o parlamentar carioca, que teve uma passagem relâmpago pelo Recife nesta terça-feira, o petista e o tucano deveriam estar presos devido às acusações de corrupção que pairam sobre eles.
"Cada um defende o que bem entender, assim como muitos defendem a prisão do Lula. Eu defendo o julgamento deles. O sentimento que tenho, no momento, é que ambos são culpados. Em sendo culpados, o caminho não pode ser outro a não ser a privação de liberdade. Eu tenho que acreditar que Lula vai ser preso porque se não estaremos vivendo na terra de seu ninguém", afirmou.
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Bolsonaro garantiu ser favorável à operação Lava Jato e elogiou o juiz Sérgio Moro, que se tornou um dos símbolos da investigação. Apesar de acreditar que Aécio deveria ser preso, Bolsonaro disse que votaria no tucano caso ele tivesse a chance de disputar a presidência da República contra Dilma Rousseff (PT) a exemplo do que ocorreu em 2014.
"Vejo com isenção a condução do processo por parte do juiz Moro. Votei em Aécio contra Dilma, sou obrigado a votar nele até. Votaria de novo entre ele e Dilma. Agora, a lei tem que ser igual para todos. O convencimento que tenho, porque corrupção não deixa carimbo, deixa impressão digital, deixa indícios, é que ambos são mais do que responsáveis por essa corrupção deslavada que grassou pelo Brasil nos últimos anos", enfatizou.
Embora tenha afirmado que não tem "obsessão" com o a eleição presidencial do próximo ano, Bolsonaro pontuou que tem mesmo a intenção de disputar a presidência da República em 2018. Em uma pesquisa Datafolha, ele apareceu brigando pela segunda colocação na preferência dos eleitores brasileiros.
"Se essa for a missão de Deus, estou me preparando para enfrentar esse desafio. Não tenho obsessão por nada na minha vida, tá? Tenho um compromisso comigo e com minha consciência de servir à Pátria", afirmou.
O deputado federal também assegurou que estuda mudar de partido devido às últimas movimentações do PSC.
"Tenho vários caminhos. São muitos partidos (que procuram o deputado) até porque chegou à Câmara o projeto aprovado no Senado da nova cláusula de barreira e muitos partidos que estão ali perto da área do rebaixamento estão de olho em mim ou os candidatos querem reforçar seu time e não me perder para o outro lado. Quanto ao PSC, depois que o PSC, que tem uma linha de família voltada para a religião também, em defesa de criança em sala de aula, se coliga com o PCdoB no Maranhão e em Curitiba é sinal de que esse partido não quer levar a sério uma proposta de sermos diferentes", criticou.
A passagem de Bolsonaro pelo Recife nesta terça ocorreu devido ao sepultamento do ex-jogador do Santa Cruz, Sebastião Tomaz de Aquino, conhecido como “Paraíba, o Canhão do Arruda”, sobrevivente do atentado terrorista ocorrido no Aeroporto Internacional dos Guararapes em 25 de julho de 1966. O corpo do ex-jogador foi no Cemitério de Santo Amaro, na área central da capital pernambucana, local onde Bolsonaro conversou com os jornalistas.
"Sebastião Tomaz era um guarda civil e estava no aeroporto aguardando o general Costa e Silva, que estava vindo fazer campanha, alguns falam em Ditadura, mas o general tava vindo fazer campanha junto à bancada de parlamentares porque a eleição era indireta naquele momento. Foi um ato terrorista. Eu conheci o Sebastião há um ano e pouco atrás, fiz amizade especial com a filha dele e resolvi passar por aqui. Ele foi ferido por uma bomba da Ação Popular, da esquerda brasileira, essa esquerda que diz que lutava por democracia”, declarou Bolsonaro.
Durante a visita ao Recife, policiais militares que estavam nas proximidades do cemitério de Santo Amaro pediram para tirar fotos com Bolsonaro.
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