Planalto trabalha com voto alternativo para se contrapor a relatório de Zveiter

O Palácio do Planalto articulou com líderes da base aliada a elaboração de um parecer paralelo para contrapor à peça de Sergio Zveiter (PMDB-RJ)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10/07/2017 às 15:36
O Palácio do Planalto articulou com líderes da base aliada a elaboração de um parecer paralelo para contrapor à peça de Sergio Zveiter (PMDB-RJ) Foto: Foto: Agência Brasil


Diante dos indicativos de que o parecer do relator da denúncia do procurador-Geral da República contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara serão pela admissibilidade do processo por crime de corrupção passiva, o Palácio do Planalto articulou com líderes da base aliada a elaboração de um parecer paralelo para contrapor à peça de Sergio Zveiter (PMDB-RJ). 

Desde cedo, o presidente Temer está articulando para encontrar uma forma de rejeitar a proposta de Zveiter e, ao mesmo tempo, ter em mãos um texto para ser votado como alternativa. Para viabilizar isso e ainda continuar garantindo os votos não só na CCJ, como em plenário, Temer se reuniu na manhã desta segunda-feira com o líder do PMDB, deputado Baleia Rossi (SP), com a bancada do Maranhão na Câmara e com o deputado Danilo Forte (PSB-CE), cujo partido migrou para a oposição, embora alguns de seus integrantes ainda continuem votando com o Planalto. Muitos outros parlamentares passarão ainda hoje pelo gabinete de Temer no Planalto. O presidente também recebeu hoje o seu advogado Antonio Claudio Mariz.

Temer está contabilizando voto a voto na CCJ. No Planalto, as informações são de que o presidente terá 40 ou 41 votos. O governo quer dar uma demonstração de força para entrar com respaldo para a votação no plenário. Temer tem pressa para que tudo seja votado antes do recesso, seja na CCJ, seja no plenário porque ninguém sabe como será o mês de agosto e o Palácio sabe que ainda existem outras denúncias a serem apresentadas pelo procurador Rodrigo Janot. Para assegurar a votação antes do recesso, o governo vai segurar a apreciação da LDO e cogita até empurrar votação pelo fim de semana.

O fim de semana foi de conversações e assim prosseguirá esta segunda-feira, 10. O deputado Carlos Marun, um dos líderes da tropa de choque do presidente Temer já avisou ao Planalto que pode ser o autor do voto alternativo para se contrapor ao de Zveiter. O que o palácio espera é que, mesmo contrário a Temer, é que o relatório de Zveiter se atenha a questões técnicas e não use o texto como instrumento político. 

Leitura do parecer

O início da leitura do parecer do peemedebista está previsto para as 14h30. Temer está com a agenda aberta para acompanhar a leitura. Mas, mesmo assim, tem se mostrado disposto a receber deputados e senadores, já que tem interesse também de garantir a aprovação da Reforma Trabalhista nesta terça-feira, 11, no Senado.

Como o presidente precisa mostrar força na CCJ, os líderes dos partidos da base aliada foram avisados de que devem continuar o trabalho de substituição dos deputados que estiverem demonstrando que não votarão a favor de Temer. A ordem do Planalto é não titubear em fazer substituições para garantir votos na CCJ. 

Enquanto isso, no Planalto, não só o presidente Temer como alguns de seus principais ministros continuam incomodados com alguns gestos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Maia é o sucessor natural de Temer e, na avaliação de alguns interlocutores, ele estaria mordido pela "mosca azul". Assim que chegou de viagem, Temer conversou com Maia. Voltou a se reunir com ele no domingo. Maia tem justificado que não pode agir como líder do governo, mas como presidente da Câmara, o que tem incomodado assessores palacianos. 

Além disso, o governo continua trabalhando para segurar o PSDB que, todos os dias, dá demonstrações de afastamento de Temer, embora tenha quatro ministros no governo.

TAGS
Palácio do Planalto voto alternativo relatório Sérgio Zveiter Temer
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory