Atualizada às 17h49
O senador Humberto Costa (PT), fez duras críticas ao ministro da Saúde, Ricardo Barros, que pretende construir uma nova fábrica de hemoderivados em Maringá-PR, seu reduto eleitoral, o que causaria um esvaziamento da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana, Mata Sul de Pernambuco. O senador discursou durante Audiência Pública realizada nesta segunda-feira (7) na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para discutir sobre a situação da Hemobrás, proposta pela deputada estadual Priscila Krause (DEM).
"Não é como o ministro (Ricardo Barros) tenta passar, que ninguém está tomando nada de ninguém. O ministério está querendo levar para o Paraná e ela não tem nenhum valor para quem vai fazer o investimento? É claro que tem. Sinceramente, nós estamos diante de uma fronta ao nosso estado, uma afronta que o ministro faz com uma desfaçatez que eu poucas vezes vi na minha vida. Porque ele pensa que nós somos idiotas, nós vamos fazer papel de idiotas aqui?, questionou o senador.
Humberto lembrou que, enquanto ministro da Saúde, ele e o ex-governador Eduardo Campos (PSB), então ministro da Ciência e Tecnologia, brigaram para que a fábrica viesse para pernambuco. Ele também cobrou a atuação dos atuais ministros pernambucanos, Bruno Araújo (PSDB), das Cidades, Raul Jungmann (PPS), da Defesa, Mendonça Filho (DEM), da Educação e Fernando Filho (PSB), de Minas e Energia. "Me pergunto o que os quatro ministros desse governo vão fazer. Nós não vemos agora infelizmente nenhuma manifestação de nenhum deles para dizer que é importante ter que ficar aqui", contou.
De acordo com a proposta para a construção da fábrica no Paraná, um consórcio seria formado entre os laboratórios públicos estaduais Butantã (SP), Tecpar (PR), a Hemobras e a empresa suíça Octapharma.
O senador considera a retirada da produção de Pernambuco uma ação política do ministro Ricardo Barros. "Sinceramente, não consigo entender a não ser por um pensamento político mesquinho, até porque a Tecpar não tem essa competência para fazer. Ela já foi barrada em mais de um projeto de PDP (Parceria para desenvolvimento produtivo) porque não tinha competência pra fazer. Só pode ser uma razão política, e se for uma razão política, Pernambuco nunca teve medo de enfrentar", pontuou Humberto.
Humberto Costa também cobrou a ação do governo de Pernambuco para assegurar a manutenção da Hemobrás. "(A Hemobrás) É uma empresa do Ministério da Saúde, é uma empresa do governo de Pernambuco. Pernambuco deu várias contrapartidas para a construção da fabrica e inclusive indica um diretor daquela fábrica. A participação do governo do estado tem que ser muito mais ativa do que está sendo até agora. Pernambuco é co-proprietário da Hemobrás, e não pode assistir esse investimento sair daqui como se não fosse nosso", contou.
A assessoria do Ministério da Saúde afirmou, por telefone, que o ministro Ricardo Barros não informou que a fábrica da Hemobras
sairia de Pernambuco. Segundo a assessoria, em nenhum momento, o Ministério disse que ia tirar a empresa do Estado. Há, sim, uma nova proposta vai terminar a fábrica no Estado.