Temer caminha com Maia e trata de reforma da Previdência

Palácio do Planalto não tem os 308 votos necessários para que a proposta receba sinal verde da Câmara
Estadão Conteúdo
Publicado em 21/01/2018 às 21:14
Palácio do Planalto não tem os 308 votos necessários para que a proposta receba sinal verde da Câmara Foto: Foto: José Cruz/ABr


Em mais uma tentativa de aparentar que está bem de saúde, o presidente Michel Temer caminhou no fim da tarde deste domingo, 21, na rua, do Palácio do Jaburu até o Alvorada, mas foi surpreendido por gritos de "golpista". Acompanhado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Alexandre Baldy (Cidades), Temer continuou andando e ignorou o protesto.

"Golpista, ladrão, fora Temer, bandido!", gritou forte um homem não identificado. Era uma voz isolada. O presidente olhou e apertou o passo, mantendo um sorriso no rosto. O trajeto foi curto, de menos de um quilômetro. "Esse é o melhor horário para a gente caminhar. O céu está lindo! A gente faz exercício melhor", desconversou Maia. "Não cheguei a reparar (o protesto). Estava conversando com Padilha", disse Baldy.

Popularidade baixa

A estratégia de comunicação de Temer está sendo reforçada para "humanizar" sua imagem, a menos de um mês da votação da reforma da Previdência. Até agora, no entanto, sua popularidade continua muito baixa.

Desde o início do ano, Temer tem feito exercícios e sua assessoria chama a imprensa para registrar esses momentos. "Estou ótimo, embora toda hora alguém queira me matar", disse ele, em entrevista à colunista Eliane Cantanhêde, do jornal O Estado de S. Paulo, no último dia 11.

Antes da caminhada e da conversa com Maia e Baldy, Temer também tratou das dificuldades para aprovar a Previdência durante reunião com Padilha, Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Carlos Marun (Secretaria de Governo), no Jaburu.

O Palácio do Planalto não tem os 308 votos necessários para que a proposta receba sinal verde da Câmara. Nos bastidores, aliados dizem que o apoio à reforma, hoje, não atinge nem 240 deputados. Mesmo assim, até agora o governo não planeja adiar a votação, marcada para 19 de fevereiro.

Questionado se o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula Brasil pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre, entrou na pauta do encontro de hoje, Moreira Franco respondeu de forma negativa. "Já temos muitos problemas para tratar", comentou ele.

Em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, Lula é hoje o principal adversário de um potencial candidato do governo na eleição ao Planalto. Se for condenado no caso do triplex do Guarujá, na próxima quarta-feira, poderá ficar inelegível pelos critérios da Lei da Ficha Limpa. O PT, porém, já anunciou que recorrerá até a última instância da Justiça para permitir que Lula concorra à Presidência e vai lançar sua candidatura no dia 25, seja qual for o resultado do julgamento do TRF-4.

"Essa questão de eleição será tratada depois. Agora, o foco do governo é a Previdência", insistiu Moreira Franco. "Depois de todo o esforço feito para tirar o Brasil da recessão, temos de perseverar nessa reforma. Não queremos que ocorra no Brasil inteiro o que está ocorrendo no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e no Rio Grande do Norte Grande", completou o ministro.

Na semana passada, em Washington, Maia admitiu desânimo com a aprovação da reforma. "Neste momento, a gente prioriza a agenda da reforma da Previdência sem nenhum tipo de otimismo, sem nenhum discurso em que a gente diga que esta é uma matéria que estará resolvida em fevereiro de 2018", afirmou o deputado, que também é pré-candidato à Presidência. Na última quinta-feira, Temer gravou uma participação no programa do apresentador Sílvio Santos e defendeu as mudanças nas regras da aposentadoria.

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