O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), disse na tarde desta quarta-feira (14) que o partido estuda formular uma representação contra o delegado-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, cobrando explicações sobre as declarações referentes ao andamento do inquérito dos portos, investigação que abrange o presidente Michel Temer.
O petista afirmou, no entanto, que ainda não está definido se a reclamação será protocolada no próprio Ministério da Justiça ou na Corregedoria da PF. Pimenta disse que, em sua opinião, Segovia reproduz um comportamento comum entre magistrados e procuradores em tempos de Operação Lava Jato: o de comentar investigações em curso pela imprensa e de "desprezar" a Constituição.
"A entrevista foi desastrosa, mas não é surpreendente. Ou alguém imaginou que Temer, (Eliseu) Padilha e Moreira (Franco) colocariam alguém na PF para investigar Temer?", questionou o líder do PT.
Em entrevista à agência Reuters, Segovia comentou que as investigações não encontraram provas de irregularidades envolvendo o presidente Michel Temer no chamado decreto dos portos. Na entrevista, ele sinaliza que a corporação vai recomendar o arquivamento do inquérito aberto contra o emedebista no Supremo Tribunal Federal (STF).
Mais cedo, o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) anunciou que vai apresentar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara um convite para que o diretor-geral da Polícia Federal se explique à Câmara. "Seria hipocrisia chamar só o Segovia, teria de chamar quem o colocou lá", opinou Pimenta.
O líder do PT também criticou a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que permite ao candidato financiar toda sua campanha com recursos próprios. Para Pimenta, o TSE "compactua com o abuso do poder econômico" e prioriza os candidatos milionários. "Isso colide com o princípio justo do processo democrático que é a igualdade de condições", comentou. Pimenta disse que o PT vai trabalhar para que a resolução seja revista.
O petista atacou a autorização para que as legendas usem o Fundo Partidário para bancar as campanhas nestas eleições. Para este ano, o valor aprovado pelo Congresso é de R$ 888,7 milhões. Esse valor se somará ao recurso do fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão. "A proposta beneficia legendas de aluguel", concluiu.