'O que prometi foi entregue', diz Pedro Parente ao deixar a Petrobras

Pedro Parente não suportou a pressão gerada pela greve dos caminhoneiros e deixa o comando da Petrobras
Da editoria de Política
Publicado em 01/06/2018 às 12:18
Pedro Parente não suportou a pressão gerada pela greve dos caminhoneiros e deixa o comando da Petrobras Foto: Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr


Pressionado em meio à greve dos caminhoneiros, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão do cargo, nesta sexta-feira (1º), em carta enviada ao presidente Michel Temer. Ainda assim, Parente garante que  entregou o que lhe foi pedido, que a Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada e que sua permanência na presidência da petrolífera deixou de ser positiva.

Faço um julgamento sereno de meu desempenho, e me sinto autorizado a dizer que o que prometi foi entregue, graças ao trabalho abnegado de um time de executivos, gerentes e o apoio de uma grande parte da força de trabalho da empresa, sempre, repito, com o decidido apoio de seu Conselho. A Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada, indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor, resultados financeiros muito positivos, como demonstrado pelo último resultado divulgado, dívida em franca trajetória de redução e um planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o nosso País", diz trecho da carta de demissão.

Com a saída de Parente, a Petrobras já informou que a nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração ao longo desta sexta-feira. A composição dos demais membros da diretoria executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração.  O executivo estava, por volta das 11h30, em reunião com o presidente da República Michel Temer, no Palácio do Planalto. O encontro - e a demissão - ocorrem após o governo lançar medidas com custo de R$ 13,5 bilhões para baixar o preço do diesel e ajudar a encerrar a greve dos caminhoneiros.

Em sua carta, Pedro Parente ainda defendeu a política de preços da Petrobras que virou alvo de ataques nos últimos dias. "A greve dos caminhoneiros e suas graves consequências para a vida do País desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento. Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no País. Movimentos na cotação do petróleo e do câmbio elevaram os preços dos derivados, magnificaram as distorções de tributação no setor e levaram o governo a buscar alternativas para a solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção ao consumidor de diesel", escreveu.

POLÍTICA DE PREÇOS

A partir de 2016, quando o presidente Michel Temer chegou ao poder após o impeachment de Dilma Rousseff, Pedro Parente assumiu a direção da companhia estatal de economia mista. Ele foi responsável pela redução e reestruturação da dívida, um programa de desinvestimento e mudou a política de preços. Apesar de ter fechado 2017 com um déficit de 446 milhões de reais - no quarto ano consecutivo de perdas - a nova direção da empresa despertou otimismo nos mercados, que lhe devolveram em maio o posto de empresa de maior valor na Bolsa de São Paulo.

Ao contrário do que acontecia durante os dois governos de Dilma Rousseff, quando os preços do combustível eram controlados e não acompanhavam as flutuações do mercado internacional, a Petrobras adotou a prática de ajustes periódicos, que a partir do ano passado passaram a ser praticamente diários. O reflexo dos preços do mercado internacional, entre outros fatores, fez disparar o valor dos combustíveis, e isso foi a gota d'água para os caminhoneiros, que alegavam não conseguir trabalhar sem uma previsão do preço do diesel.

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