Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro cobraram na noite de ontem que o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) explique 48 depósitos em dinheiro feitos em uma conta dele, somando R$ 96 mil, e que, se necessário, assuma a responsabilidade por eventuais erros. Na avaliação desses assessores, porém, as denúncias envolvendo o nome de Flávio seriam parte de uma campanha para tentar atingir a família e o governo Bolsonaro.
Auxiliares do Palácio do Planalto reforçam que o presidente não tem responsabilidade sobre o caso. Para eles, o fato de Flávio ter recorrido ao Supremo Tribunal Federal para suspender as investigações contra o ex-assessor Fabrício Queiroz, que trabalhou para o senador eleito, já havia sido um "tiro no pé" e acabou criando um problema para o governo. A medida foi considerada equivocada porque provocou um fato político desnecessário.
À noite, depois da divulgação do relatório do Coaf citando movimentações suspeitas na conta de Flávio, auxiliares do presidente avaliavam que o parlamentar deveria se explicar o mais rápido possível para evitar uma "sangria" política do governo, principalmente às vésperas da viagem de Bolsonaro a Davos para participar do Fórum Econômico Mundial.
Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que o presidente é "vítima" de uma tentativa de desgaste. "O governo, do ponto de vista do presidente Bolsonaro, tem muita tranquilidade, porque isso não tem rigorosamente nada a ver com o que envolve o presidente. Ele é, mais uma vez, vítima desse processo."
Onyx também criticou a imprensa. "Esse é um caso circunscrito a um funcionário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Acho que existe um grande esforço no sentido de desgastar o presidente Bolsonaro. Temos de aguardar a manifestação da Justiça e o presidente tem absoluta tranquilidade."
Trecho de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostra que em um mês quase 50 depósitos em dinheiro foram feitos numa conta do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), revelou na noite dessa sexta-feira (18), o Jornal Nacional, da Rede Globo. A suspeita, segundo a reportagem, é que funcionários dos gabinetes devolviam parte dos salários, numa operação conhecida como "rachadinha".
O registro, de acordo com o Jornal Nacional, traz dados sobre movimentações financeiras de Flávio Bolsonaro entre junho e julho de 2017. No total, foram 48 depósitos em espécie na conta do senador eleito, "concentrados no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e sempre no mesmo valor: R$ 2 mil".