Abaixo-assinado para indicação de Lula ao Nobel já conta com mais de 465 mil assinaturas

O abaixo-assinado foi criado pelo argentino Adolfo Pérez Esquivel e deverá ser apresentado ao Comitê Norueguês do Nobel
JC Online
Publicado em 21/01/2019 às 17:22
O abaixo-assinado foi criado pelo argentino Adolfo Pérez Esquivel e deverá ser apresentado ao Comitê Norueguês do Nobel Foto: Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula


O argentino Adolfo Pérez Esquivel criou um abaixo assinado para a indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso desde abril de 2018 em Curitiba, ao Prêmio Nobel da Paz 2019. Por volta das 17h desta segunda-feira (21) o número de assinaturas já ultrapassava 465 mil e o texto deverá ser apresentado ao Comitê Norueguês do Nobel. 

Apesar do número crescente, são válidas para o comitê apenas as assinaturas de: integrantes de assembleias nacionais e governos nacionais soberanos; membros do Tribunal Internacional de Justiça em Haia; membros do Institut de Droit Internacional; professores universitários, professores eméritos e professores associados de história, ciências sociais, direito, filosofia, teologia e religião; reitores e diretores universitários; diretores de institutos de pesquisa da paz e institutos de política externa; pessoas que receberam o Prêmio Nobel da Paz; integrantes da diretoria principal de organizações que receberam o Prêmio Nobel da Paz; e membros, ex-membros e ex-assessores do Comitê Norueguês do Nobel.

Na carta, o argentino que foi ganhador do Prêmio Nobel 1980 diz que o governo do ex-presidente Lula se tornou um "exemplo mundial de combate à pobreza e à desigualdade". Em um dos trechos, mostra que mais de 30 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza foram beneficiadas com o programa Fome Zero e o Bolsa Família.

Ainda segundo Esquivel, durante o governo de Lula foram utilizados "meios não violentos que elevaram o padrão de vida da população e deram esperança aos setores mais necessitados".

Confira a íntegra da carta

Para o Comitê Norueguês do Nobel
Presidente Berit Reiss-Andersen
Vice-Presidente Henrik Syse
Membros: Thorbjørn Jagland, Anne Enger e Asle Toje.

Receba as saudações fraternas da paz e do bem.

Por meio desta carta, gostaria de apresentar a esta Comissão a candidatura ao Prêmio Nobel da Paz de Luiz Inácio "Lula" da Silva, ex-Presidente da República Federativa do Brasil entre 2003 e 2010, que através de seu compromisso social, sindical e político, desenvolveu políticas públicas para superar a fome e a pobreza em seu país, uma das desigualdades mais estruturais do mundo.

Como é sabido, a paz não é apenas a ausência de guerra, ou a morte de uma ou de muitas pessoas, a paz é também dar esperança ao futuro do povo, especialmente aos setores mais vulneráveis, ??vítimas da "cultura de descarte", da qual fala o Papa Francisco. Promover a paz é incluir e proteger aqueles que este sistema econômico condena à morte e à violência múltipla.

Segundo o último relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de 2017, a fome afeta mais de 815 milhões de pessoas no mundo. É um flagelo e um crime sofrido por povos submetidos à pobreza e à marginalidade, que são subtraídos da vida e esperam por ajuda, por gerações. Por esta razão, se um governo nacional torna-se um exemplo mundial de combate à pobreza e à desigualdade, contra a violência estrutural que aflige a humanidade, ele merece o reconhecimento por sua contribuição para a paz na humanidade.

"Lula" Da Silva teve como um de seus eixos fundamentais de compromisso do governo com os pobres a implementação de políticas públicas para superar a fome e a pobreza. Em Janeiro de 2003, em seu discurso de posse como Presidente da República, ele disse: "Vamos criar condições para que todas as pessoas em nosso país possam comer decentemente, três vezes por dia, todos os dias, sem doações de ninguém. O Brasil não pode mais coexistir com tanta desigualdade. Precisamos superar a fome, a pobreza e a exclusão social. Nossa guerra não é para matar ninguém: é para salvar vidas”. E, de fato, o programa "Fome Zero" e "Bolsa Família" foram levados a mais de 30 milhões de pessoas em situação de pobreza extrema, fazendo com que o Brasil fosse mundialmente reconhecido por organizações internacionais como a FAO, o modelo de sucesso do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD) e pelo Banco Mundial.

- A percentagem de pessoas que vivem com menos de US$ 3,10 por dia caiu de 11% em 2003 para cerca de 4% em 2012, segundo dados do Banco Mundial.

- Houve uma redução na taxa de desemprego próximo a 50%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. E uma criação de 15 milhões de novos empregos segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

- De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o coeficiente de Gini brasileiro foi 0,583 em 2003, e em 2014 foi 0,518, indicando que as políticas sociais implementadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) deixou um Brasil com menos desigualdade social, pois a desigualdade média caiu 0,9% ao ano, no período entre 2003-2016.

- A implementação de programas de educação e saúde pública elevou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, desenvolvido pelo PNUD. Em 2010, chegou a US $ 10,607 dólares renda média anual, à expectativa de vida de 72,9 anos, a uma escolaridade de 7,2 anos de estudo e a uma expectativa de vida escolar de 13,8 anos.

O governo Lula foi uma construção democrática e participativa, com meios não violentos que elevaram o padrão de vida da população e deram esperança aos setores mais necessitados. O mundo reconhece que houve um antes e um depois na história do Brasil desigual, após as duas presidências de Luiz Inácio da Silva. A contribuição de "Lula" para a Paz está nos fatos concretos da vida do povo brasileiro e reforçada pelos estudos de várias organizações internacionais.

Esses resultados dos programas do governo do PT no Brasil para superar a pobreza e a fome não foram uma política de Estado mantida por outros partidos do governo, mas uma política governamental específica, que o Brasil está gradualmente abandonando, como evidenciado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que anunciou que em 2017, o Brasil aumentou em mais de 3 milhões o número de novos pobres, devido às políticas do atual governo.

Por estas razões, com o mesmo senso de esperança que Martin Luther King transmitiu quando disse "Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira", somos muitos que acreditam que o Prêmio Nobel da Paz para "Lula" Da Silva ajudará a fortalecer a esperança de poder continuar construindo um novo amanhecer para dignificar a árvore da vida.

Adolfo Pérez Esquivel

Prêmio Nobel da Paz de 1980 

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abaixo-assinado LULA prêmio nobel da paz
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