Sob protestos e esperado por investidores, Bolsonaro vai a fórum de Davos

Bolsonaro promete fazer um discurso moderado para tentar desfazer sua imagem de ''extremista''
JC Online
Publicado em 21/01/2019 às 10:14
Bolsonaro promete fazer um discurso moderado para tentar desfazer sua imagem de ''extremista'' Foto: Foto: Marcos Corrêa/PR


O presidente da República, Jair Bolsonaro, desembarca na cidade de Zurique na tarde desta segunda-feira (21) (14h30 no horário europeu, 11h30 no de Brasília), iniciando o que será seu "batismo internacional". O brasileiro será levado da cidade suíça até a estação de esqui de Davos, onde faz seu primeiro discurso para líderes empresariais e chefes de Estado na terça-feira, 22.

Seu desembarque é acompanhado de perto, tanto pela imprensa internacional quanto por investidores.

No fim de semana, protestos por parte de sindicatos suíços e ativistas em Lausanne e Berna levavam cartazes com a foto de Bolsonaro e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Nelas, um recado: "not welcome" ("Não são bem-vindos").

Nos últimos dias, os principais jornais suíços destacaram a presença de Bolsonaro como uma das mais relevantes do Fórum Econômico Mundial, que começa na noite de segunda. Crises domésticas nos EUA, França e Reino Unido acabaram afastando alguns dos principais líderes que, de última hora, cancelaram suas viagens para Davos.

Como resultado, o palco foi deixado para o brasileiro, que promete fazer um discurso moderado para tentar desfazer sua imagem de "extremista".

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, garantiu que sua mensagem seria de liderar um "governo constitucional". "O caminho, desde a proposta do plano de governo, é estado de direito. Rigorosamente dentro do que a Constituição prevê. O governo que tem uma relação franca e transparente com o Congresso nacional, que respeita a repartição de poderes", disse.

Imagem no exterior

Mas, avaliando pelo tom da cobertura internacional, Bolsonaro terá um amplo trabalho para transformar sua imagem no exterior. Numa matéria publicada no final da semana passada, o jornal suíço Le Temps questiona se Bolsonaro estaria "no mesmo trilho de Pinochet".

Assinado pelo conceituado economista Charles Wyplosz, o texto faz um paralelo à mão dura do chileno e a simpatia do brasileiro pelos militares. Mas aponta um elemento em comum: o uso de economistas formados em Chicago para liderar uma reforma. No caso, o "garoto de Chicago" é Paulo Guedes, ministro da Economia

Diversas outras publicações chamam a atenção para o fato de que a primeira viagem ocorre sob a sombra de dúvidas sobre a origem do dinheiro de seu filho, Flávio Bolsonaro, além do confronto entre Gisele Bundchen e o governo por conta da Amazônia.

Em Davos, Bolsonaro chega com cinco ministros, sendo Sérgio Moro, da Justiça, o mais esperado. O Fórum tem reforçado a ideia de que quer uma "moralização da globalização". Há dois anos, quem chamava a atenção em Davos era o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Entre os investidores, o tom é diferente. Os organizadores de Davos apontam que empresários e atores do sistema financeiro internacional vão usar a viagem de Bolsonaro para obter detalhes do que serão suas reformas.

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