A bancada do MDB no Senado se reúne nesta terça-feira (29) para tentar evitar uma fissura no partido às vésperas da eleição para o comando da Casa. No encontro, os emedebistas vão decidir se mantêm a candidatura de Simone Tebet (MS) à presidência do Senado ou se lançam o senador Renan Calheiros (AL), mesmo diante de uma campanha negativa contra o parlamentar alagoano, alvo principal dos outros candidatos na disputa e nome considerado hostil pelo governo Jair Bolsonaro - ele tem o apoio de parte da bancada petista na Casa.
O temor de representantes da cúpula do partido é de que o MDB chegue na sexta-feira, dia da eleição, dividido entre dois candidatos, o que representaria, nas palavras de um cacique da sigla, uma "fratura exposta".
Na segunda-feira, 28, o presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), propôs um acordo que resulte numa candidatura única.
A presidência do Senado é vista como uma forma de a legenda manter poder após as eleições de 2018, quando o MDB viu suas bancadas no Congresso diminuírem significativamente. Na Câmara, o partido caiu de 66 deputados eleitos em 2014 para 34 em 2018; no Senado, o número de parlamentares eleitos baixou de 18 para 12.
Simone, porém, tem dito aos membros do partido que deve disputar o comando da Casa mesmo que Renan obtenha a maioria dos votos na bancada. Neste caso, ela se lançaria como candidatura avulsa contra o alagoano e os dois disputariam os votos dos outros senadores no plenário. Na avaliação de aliados da senadora de Mato Grosso do Sul, o maior obstáculo para sua vitória é o poder de articulação de Renan dentro da sigla. Nas outras bancadas da Casa, no entanto, Simone teria um cenário mais favorável do que o colega de partido.
O impasse e a possibilidade de um tensionamento fizeram com que aliados de Renan buscassem, inclusive, o apoio do ex-presidente e ex-senador José Sarney (MDB-MA), que costuma influenciar as decisões do partido mesmo após se distanciar dos mandatos no Legislativo. Sarney teria elogiado a conduta Simone, mas indicado que Renan tem mais força para vencer a disputa na Casa
Ainda assim, a senadora espera que, nos próximos dias, o PSDB, do senador Tasso Jereissati (CE), defina um posicionamento favorável a ela na eleição. A expectativa é de que os tucanos anunciem formalmente que, caso o MDB decida pelo nome de Simone, o PSDB lhe dê apoio.