Viúva de Marielle prega cautela com associação da família Bolsonaro no caso

Em entrevista à Rádio Jornal, Mônica Benício relembrou momentos ao lado de Marielle e a esperança que a esposa trouxe para as mulheres do mundo
Da editoria de Política
Publicado em 08/03/2019 às 9:52
Em entrevista à Rádio Jornal, Mônica Benício relembrou momentos ao lado de Marielle e a esperança que a esposa trouxe para as mulheres do mundo Foto: Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil


Em entrevista especial para a Rádio Jornal no Dia Da Mulher, nesta sexta-feira (08), a viúva da vereadora carioca Marielle Franco, Mônica Benício, afirmou que, mesmo que um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) tenha homenageado milicianos, isso não seria motivo para a família estar envolvida no assassinato de Marielle. 

"Eu acho que a gente deve ter muita cautela sobre isso. Eu prefiro que a investigação entregue o resultado certo e não qualquer resultado. Flávio Bolsonaro homenageou um miliciano, mas isso não significa que a família Bolsonaro esteja envolvida no caso. O que o Brasil precisa ter é a resposta de quem matou Marielle", enfatizou Mônica. 

Na conversa com a rádio pernambucana, a militante, que atua em movimentos LGBTs, relembrou momentos e qualidades de Marielle. Ela ressaltou que a investigação sobre a morte da vereadora trouxe a verdadeira face do Brasil. "Precisamos mostrar que o Brasil é um país racista e homofóbico", disse.

Mônica acrescentou que o título de viúva não a incomoda, mas que reduzir a sua história ao acontecimento 'é triste'. "Houve muitas mudanças para a população LGBT, ainda mais porque o Brasil é que o mais mata esse público no mundo. O nosso amor trouxe esperança para muitos desses casais", acrescentou.

O assassinato da vereadora Marielle e o motorista Anderson Pedro Gomes está prestes a completar um ano, no próximo dia 14, ainda sem conclusão da investigação. Eles foram mortos a tiros no centro do Rio de Janeiro após um evento político. Ainda não há autoria definida.

"Eu estive recentemente com as promotoras que estão à frente do caso e parece que elas estão comprometidas com a investigação. Quem puxa o gatilho é quem manda fazer. Marielle estava exercendo um poder e isso não adiantou para ela. Não é possível que se chegue há quase um ano sem que a morte seja esclarecida. Isso é constrangedor, não só doloroso", lamentou Mônica.

Homenagem da Mangueira

No último domingo (03), a escola de samba da Mangueira trouxe nas cores rosa e verde o símbolo de Marielle Franco. A vereadora foi um dos nomes homenageados no enredo "Histórias para ninar gente grande", o vencedor do carnaval 2019. 

Ao lembrar do desfile, Mônica contou que foi a primeira vez que voltou a chorar de felicidade, desde o assassinato da vereadora. "Na quadra da Mangueira entreguei uma blusa com uma estampa de Marielle para Cacá, uma das mulheres que puxam o desfile. Ela tirou a blusa que estava usando e vestiu a que eu dei. Foi a primeira vez que chorei de felicidade em um ano. Ver que Marielle se tornou um símbolo de esperança para essas meninas negras ou que se descobriram lésbicas ao longo da vida é reconfortante", disse em entrevista à Rádio Jornal. 

A viúva também lembrou que o momento na Sapucaí foi de manifestação e não só de 'apenas desfile'. "Foi um Carnaval sem dúvida nenhuma de muita emoção. Eu e Marielle sempre trabalhávamos muito no Carnaval. A gente fazia campanha do 'Não é Não'. Esse ano teve um afeto sem tamanho pra mim, eu abri vários blocos. O que me colocava no desfile era a manifestação e não só o desfile", completou.

Ouça a entrevista na íntegra: 

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