A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, está "absolutamente à disposição" do Congresso para responder todas as dúvidas sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, mas desde que já tenha um relator indicado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara "Isso foi estratégico. Que sentido tem o ministro ir lá se não tem relator? Não tem sentido. Ele precisa, de fato, estar ali dentro quando houver relator, para tirar as dúvidas do relator e dos outros parlamentares. Ir ali simplesmente para ficar servindo de alvo para a oposição não tem o menor sentido", disse a líder após acompanhar empresários em encontro com o presidente Jair Bolsonaro para a entrega de carta manifestando apoio à reforma da Previdência.
O ministro Paulo Guedes era esperado nesta terça-feira (26) em audiência pública na CCJ para debater a PEC da reforma da Previdência. Ele, no entanto, cancelou sua participação e o governo enviou técnicos à sessão para esclarecer dúvidas dos deputados, o que gerou críticas da oposição e até mesmo de aliados do governo.
Joice reforçou a necessidade de o presidente da CCJ, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), indicar logo o nome do relator da comissão para a reforma, que, segundo ela, é o primeiro passo a ser dado. "É prerrogativa dele (Francischini), é caneta dele. Ele tem que indicar o relator e esse é o primeiro passo e, diante disso, a gente segue", afirmou.
Ainda sobre o cancelamento da participação de Guedes na reunião da CCJ de última hora, Joice justificou dizendo que a "política é modificada no dia-a-dia". "Houve um entendimento de que sem a relatoria, não tinha por que o ministro Paulo Guedes ir até lá. Se tiver um relator nesta terça e quiserem marcar esse convite para esta terça, no final do dia, ele vai. Mas tem que ter relator. Sem relator, não tem sentido", reforçou.
Joice disse não ver com surpresa a divulgação de documento por líderes de 13 partidos que formam o chamado "Centrão" em que apoiam a reforma da Previdência, mas ressaltam que querem retirar dois pontos do texto: as mudanças no benefício assistencial pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda (BPC) e na aposentadoria rural.
"Para mim, não é surpresa nenhuma. Era uma reclamação, era absolutamente previsível que os líderes trabalhassem para modificação ou retirada, seja lá o que for, porque vamos discutir isso dentro do Congresso Nacional", afirmou a líder, lembrando que especialmente as bancadas do Norte e Nordeste já tinham demonstrado insatisfação com esses pontos da PEC.
Joice avaliou que o importante é que os líderes estão discutindo e tocando a reforma. "Vocês veem um limão, eu vejo uma limonada. Eles dizem: 'olha, vamos mexer nesses pontos'. (Na verdade) os líderes dizem: 'a gente vai tocar a reforma'. E essa é a notícia A reforma ou a Nova Previdência está andando, e os líderes assinam e ainda colocam no documento que é tão necessária a aprovação da Nova Previdência", afirmou.
Ela disse ainda que não dá para saber qual o tamanho da mudança que pretendem fazer. "Pode ser que o BPC e o rural sejam trabalhados. Pode ser que haja uma proposta diferenciada", disse
Questionada se não era muito cedo para os parlamentares começarem a propor mudanças na PEC, Joice disse que, ao contrário, tem que mudar logo o que tiver de ser alterado. "Não, para mim era para essa Previdência estar aprovada. Não está muito cedo não. Tem que alterar o que tiver que alterar logo, escolher relator, votar na comissão especial. Já passou da hora", completou.