O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse hoje não ter "nada pessoal" contra o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido na semana passada da Secretaria de Governo. No entanto, Bolsonaro afirmou que Santos Cruz "tinha uma difícil articulação conversando com parlamentares".
Santos Cruz será substituído no cargo pelo general Luiz Eduardo Ramos. "Já esse outro que tá chegando aí, general Ramos, foi parlamentar por três anos. Foi adido em Israel. Ele tem bom trânsito com parlamentares. Uma pessoa de comportamento alegre em relação ao anterior. Então, isso vai ajudar a quebrar barreiras com toda certeza", avaliou Bolsonaro.
Questionado a respeito do rearranjo da articulação política, Bolsonaro lembrou que os ministros da área política - incluindo o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni - estiveram com ele "há três anos, quando eu tinha 3% de intenção de voto". "E, no meu entender, o bom articulador é o fusível, que tem a menor resistência; queima mais rapidamente segundo dizem por aí", brincou Bolsonaro. Ontem, ele já havia afirmado que alguns ministros se comportam como "fusíveis" e, por isso, se queimam, para que o presidente possa não se queimar.
"A ministra da Agricultura Tereza Cristina, do DEM, por coincidência também foi indicação da bancada ruralista. E eles estão muito felizes com ela", acrescentou Bolsonaro, ao falar de seus ministros.
Bolsonaro defendeu hoje o veto em relação à gratuidade das bagagens em voos domésticos, ocorrido nesta semana. O presidente sancionou a abertura de 100% do capital para as empresas aéreas estrangeiras, mas impediu a gratuidade nas bagagens.
Bolsonaro afirmou a jornalistas que a função de presidente possui "ônus e bônus". "Vou levar pancada de qualquer maneira, como a questão da bagagem acima de 10 quilos", disse Bolsonaro. "Tem que pagar. E alguns ficam revoltados com isso." O presidente afirmou que as companhias aéreas low cost (custo baixo) entenderam o veto como um sinal positivo para vir para o Brasil.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro criticou os preços das passagens aéreas de modo geral. "Você não pode fazer uma perna (de viagem) daqui (Brasília) para o Rio de vez quando, para São Paulo, (e pagar) R$ 2 mil", disse. "Você compra com antecedência e paga R$ 300 muitas vezes. (Existe) muita coisa complicada no Brasil, né?", acrescentou, em relação às diferentes de preços em passagens.
Bolsonaro citou ainda mudanças ocorridas ao longo dos anos no setor de aviação. "Eu cheguei aqui (em Brasília) em 91, e tinha jornais de graça dentro do avião", afirmou. "Até pouco tempo (atrás) você tinha almoço, café, lanche. Você passou a pagar", descreveu Bolsonaro. "É justo quem não come nada no avião pagar por quem está comendo? Porque está tudo na passagem", pontuou.
O presidente afirmou ainda que, caso as companhias comecem a ter prejuízos, elas passam a elevar os preços das passagens. "O pessoal não vai manter o preço, porque na lei diz que você tem que isentar (de cobrança) até 23 quilos. O cara aumenta a passagem", disse.
Questionado por jornalistas se pretendia mandar ao Congresso algum projeto de lei para evitar a discrepância de preços no setor, Bolsonaro negou. "Não, não, você não pode interferir no mercado dessa maneira", disse.
Bolsonaro falou na manhã deste sábado a jornalistas, na saída da Coordenadoria de Saúde do Palácio do Planalto, em Brasília. Questionado sobre o motivo da visita ao prédio, ele afirmou que fez exames de rotina.